Presidente Jair Bolsonaro causa aglomeração em evento no município de Tianguá (Foto: Júlio Caesar) |
Jair Bolsonaro é um inconsequente em série. O presidente já negou a gravidade da pandemia de Covid, estimulou medicamentos sem eficácia, boicotou as medidas de proteção sanitária, tentou sabotar o auxílio emergencial, atrapalhou governadores e prefeitos, se desincumbiu de suas obrigações, foi negligente na compra de vacinas, usou politicamente a Anvisa, fez trocas inoportunas no Ministério da Saúde, serviu como contraexemplo ao aglomerar e desrespeitar medidas profiláticas, minimizou a falta de oxigênio no Acre e, quando nada fazia crer que poderia se superar, passou a questionar o uso da máscara no dia em que o Brasil atingiu o recorde de mortos em 24 horas: quase 1,6 mil pessoas.
A despeito de tudo isso, Bolsonaro não foi acionado judicialmente, não deve responder por sua conduta e, pior, talvez acabe sendo premiado por esse comportamento criminoso. Porque a pior parte do trabalho, que é adotar ações duras e impopulares contra a doença, vem sendo tocada por gestores estaduais e municipais.
A Bolsonaro cabe até aqui o papel de aproveitador. Gigolô dos esforços alheios, desfila Brasil adentro inaugurando viadutos e trechos de rodovias, um engenheiro de obras prontas. Nessas ocasiões, monta seu picadeiro e se apresenta no centro desse circo de horrores, contando piadas de baixo calão e exibindo uma macheza démodé. Quer-se viril, mas é apenas paspalho. Debocha dos mortos e maltrata os vivos.
No Ceará, onde esteve na última semana, deu mais um exemplo dessa pantomima, colocando a saúde alheia em risco num momento de agravamento da doença.
Quando precisou falar, não mencionou sequer uma vez a palavra mágica pela qual todos estamos esperando: vacina.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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