Segundo o Ministério da Saúde (MS), até ontem, 7, às 19 horas, o Brasil somou 200.498 mortes pela Covid-19. Foram registrados 7.961.673 casos confirmados da infecção. Nas últimas 24 horas, foram 87.843 novos casos e 1.524 óbitos em decorrência da doença. O número total de mortos dobrou em cinco meses.
De acordo com o professor Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Covid-19 Brasil, a chance de ver os sistemas de saúde de vários estados e capitais entrarem em colapso antes do iniciar o processo de vacinação é muito grande.
"Hoje, nós temos pelos menos 10 estados com média móvel de casos por dia maior do que em toda a pandemia. Estamos em uma segunda onda intensa. Devemos acelerar na ida para os 300 mil mais rápido do que aceleramos dos 100 mil para os 200 mil", projeta o físico, que pesquisa modelagem computacional e sistemas de informação em saúde.
Para ele, é urgente que locais com aumento de indicadores adotem lockdown novamente, a exemplo da Inglaterra e outros países europeus, que também enfrentam segunda onda da pandemia.
"Em nenhuma previsão minha, eu conseguiria prever isso. Pensei que íamos chegar a mil óbitos por dia novamente no final de janeiro. Até eu, que sou muito crítico, comecei a ficar assustado. Meus modelos não estão sendo páreos para a realidade. Vamos ter um janeiro muito preocupante", alerta.
Na avaliação do médico sanitarista Walter Cintra, professor de Gestão de Serviços de Saúde da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), considerando as aglomerações durante as festas de final de ano, o cenário para a segunda quinzena de janeiro é preocupante.
"Teremos pico de novos casos e óbitos. Independentemente da vacina. A imunização vai ser gradativa e nós vamos ter que continuar mantendo as medidas de afastamento social. A vacinação não autoriza de maneira nenhuma a relaxar de imediato as medidas de precaução", frisa. Ele destaca que as medidas a serem tomadas para evitar a infecção não mudaram.
"Nós não tomamos as ações que deveriam ter sido tomadas e, não por outra razão, somos o país em pior condição. Exatamente onde a condução do governo central foi a mais irresponsável", avalia. Segundo ele, "janeiro pode ser o pior mês, com certeza".
"Temos que ter paciência e manter o isolamento social. Mesmo com a vacina, ainda temos que tomar cuidados por um bom tempo até que possa ter uma efetividade da imunidade coletiva. Certamente, esse ano de 2021 vai ser mais ou menos parecido com o de 2020 com relação aos cuidados. A situação deve amenizar no segundo semestre", prospecta.
Com informações portal O Povo Online
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