O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming compartilhou a postagem do presidente, ressaltando a parceria entre os dois países (Foto: Divulgação/Dino) |
"Embaixada da China nos informou, pela manhã, que a exportação dos 5.400 litros de insumos para a vacina Coronavac, aprovada e já estão em vias de envio ao Brasil, chegando nos próximos dias (sic)", escreveu Bolsonaro em sua página no Twitter. Segundo informado anteriormente pelo Butantan, 5,4 mil litros de insumos são suficientes para 5 milhões de doses. O instituto já havia demonstrado preocupação com a possibilidade de ficar sem ingrediente ativo para dar continuidade à fabricação da vacina. Os insumos já importados terminarão no fim deste mês.
Até agora, o Butantã já liberou 6,9 milhões de doses da Coronavac para distribuição aos Estados e promete entregar, nos próximos dias, mais 3,2 milhões de unidades do imunizante. Após a postagem do presidente, o Ministério da Saúde divulgou um vídeo do ministro Eduardo Pazuello confirmando a informação e prevendo a chegada das doses até o fim da semana. "A continuidade do recebimento dos insumos para a fabricação das vacinas pelo Butantan voltou à normalidade. Isso graças à ação diplomática do governo federal com o governo chinês por intermédio da Embaixada chinesa. A previsão de chegada dos insumos no Brasil é até o fim desta semana."
Ainda de acordo com Bolsonaro, o processo de importação da matéria-prima para a vacina de Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também está com a liberação "acelerada". Também produzido na China, o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da vacina inglesa já deveria ter sido entregue em janeiro à Fiocruz para que o primeiro lote de doses fosse distribuído ao Ministério da Saúde no início de fevereiro
O atraso na entrega fez a fundação adiar para março o fornecimento das primeiras doses e importar do Serum Institute da Índia (parceira produtiva da AstraZeneca) 2 milhões de doses prontas para que o governo não ficasse totalmente desabastecido. A Fiocruz negocia a compra de mais doses prontas. No fim de semana, a presidente da fundação, Nísia Trindade, disse que a previsão para a chegada dos primeiros insumos é "por volta de 8 de fevereiro".
Ainda na postagem nas redes sociais, Bolsonaro mudou o tom e agradeceu a "sensibilidade" do governo chinês. Em diversas ocasiões, o presidente, seus filhos e membros do governo criticaram o país asiático e colocaram em dúvida a segurança dos imunizantes desenvolvidos na China. Nas redes sociais, o presidente agradeceu o "empenho" dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Eduardo Pazuello (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura) nas negociações com a China. Os dois primeiros vêm sendo criticados por sua atuação na pandemia. Araújo faz parte da ala que já criticou publicamente o governo chinês. Já Pazuello é acusado de lentidão nas negociações com os fabricantes.
Minutos depois da publicação de Bolsonaro, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, que já teve embates públicos com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, compartilhou a postagem do presidente, ressaltando a parceria entre os dois países no combate à pandemia. "A China está com o Brasil na luta contra a pandemia e continuará a ajudar o Brasil neste combate dentro do seu alcance. A união e a solidariedade são os caminhos corretos para vencer a pandemia", escreveu.
Na cerimônia simbólica que reuniu ex-presidentes no Palácio dos Bandeirantes ontem, Michel Temer, que havia intercedido junto à embaixada chinesa para a liberação e importação de insumos, afirmou ter falado pela manhã com o embaixador chinês no Brasil. Segundo Temer, os insumos estão sendo "acondicionados", apesar de "uma pequena questão técnica"com Butantan e Fiocruz.
Já o governo paulista divulgou nota mais à noite, negando que o governo federal tenha tido alguma participação na liberação dos insumos . "Todo o processo de negociação com o governo chinês foi realizado pelo Instituto e pelo governo de São Paulo, que vem negociando com os chineses a importação de vacinas e insumos desde maio do ano passado."
Ainda de acordo com o governo paulista, a negociação é contínua e nunca foi interrompida, "mesmo quando o governo federal, por meio do presidente da República, anunciou publicamente, em mais de uma ocasião, que não iria adquirir a vacina por causa de sua origem chinesa". A nota refere-se ao episódio em que Bolsonaro desautorizou Pazuello em outubro, quando o ministro havia assinado um protocolo de intenções com o Butantan. O presidente ordenou no dia seguinte que o acordo fosse suspenso.
A gestão Doria destacou ainda que, no período em que o presidente se negava a admitir a compra dos imunizantes, quatro lotes de vacinas e insumos foram recebidas pelo governo paulista "sem nenhuma participação do governo Bolsonaro".
Na nota, o Estado confirmou que houve autorização do governo chinês para o envio dos insumos e esclareceu que eles estão nas instalações da Sinovac em Pequim. Em sua página no Twitter, Doria afirmou ainda que os frequentes ataques de membros do governo federal à China dificultaram o processo. "Se não fosse o esforço de São Paulo, e a excelente relação de respeito que mantemos com a China, o principal parceiro comercial do Brasil, não teríamos iniciado ainda a vacinação dos brasileiros", declarou.
O governador subiu o tom e acusou a gestão Bolsonaro de oportunismo. "Sem parasitismo dos negacionistas e oportunistas. Até aqui só atrapalharam nosso trabalho em prol da ciência e da vida. São engenheiros de obra pronta. Vergonha!" Após a reação de Doria, o ministro das Comunicações de Bolsonaro, Fábio Faria, publicou no Twitter uma carta do Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, enviada a Pazuello nesta segunda, comunicando a autorização do envio dos insumos para a Coronavac. Em seguida, escreveu, sem citar nomes, que "tem gente que quer holofote a todo custo". "É caso de psicanálise!"
Com
informações portal O Povo Online
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