Pastas
da Saúde e Cidadania estão no foco para garantir o sucessor de Rodrigo Maia (Foto: Maryanna Oliveira) |
A
saída do então ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, expôs a estratégia
do governo de trocar cargos de primeiro escalão por votos em prol de Arthur
Lira (PP-AL) para o comando da Câmara e abriu a pressão para que o presidente
Jair Bolsonaro amplie e antecipe a reforma ministerial, inicialmente prevista
para março. Estão na lista de pedidos, em especial, os ministérios da Saúde,
hoje ocupado pelo general Eduardo Pazuello, e o da Cidadania, onde está Onyx
Lorenzoni, aliado de primeira hora do chefe do Executivo. Há, ainda, o desejo
do Centrão de ter um ministro para chamar de seu no Palácio do Planalto, algo
que Bolsonaro ainda não disse nem sim, nem não. Tanto apetite, portanto, pode
atrapalhar parte do jogo de Lira, que passou os últimos dias de olho na
oposição, pedindo, inclusive, um encontro com o ex-presidente Lula.
Dentro da oposição, a troca de votos pró-Lira por cargos soou como um gás de pimenta para afastar e irritar os oposicionistas. Nesse sentido, há quem diga que Lula pode até se encontrar com o candidato do PP, mas não em condições de selar o apoio do PT ao postulante ao comando da Câmara. A cúpula da legenda tem encontro marcado, hoje, para sentir o pulso do partido a respeito da eleição na Casa. E, em conversas reservadas, os petistas têm dito que essa troca de votos por cargos inviabiliza o apoio oficial da sigla a Lira. A avaliação é de que não dá para servir de escada para que os partidos aliados do Executivo obtenham cargos que, no futuro, serão usados para fazer valer a pauta governista na hora de aprovar projetos na Câmara e no Senado. Nesse sentido, a inclinação petista é seguir com o bloco formado por Rodrigo Maia (DEM-RJ) e, de quebra, tentar influenciar na escolha do candidato.
Se essa negociação afasta setores da oposição, aproxima aqueles que sonham com um ministério para chamar de seu. Há quem diga que os oito partidos aliados a Lira têm expectativa de poder a partir da reforma ministerial. O PTB e o Solidariedade, por exemplo, que têm braços em sindicatos e no trabalhismo, gostaria de projetos para a recriação do Ministério do Trabalho, algo que o governo ainda resiste. E, como muitos deputados não confiam em Bolsonaro, a pressão é para que essa reforma seja feita logo, a fim de garantir os cargos antes da entrega de “mercadoria”, ou seja, a eleição de Lira. O problema é que uma reforma ministerial sempre deixa insatisfeitos, enquanto que no momento anterior, na fase de “expectativa de poder”, todos jogam juntos achando que serão escolhidos, logo ali na frente, para ocupar um ministério.
Um dos partidos que o governo pretende jogar no colo de Lira ao acenar com uma reforma ministerial é o Republicanos, em que estão os filhos de Bolsonaro, o senador Flávio e o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro. O primeiro vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira, pré-candidato a presidente da Câmara, é visto, hoje, como um nome forte para ocupar um cargo de primeiro escalão, caso aceite apoiar Lira. Até aqui, Pereira mantém a pré-candidatura, mas as apostas são de que não vai demorar para que ele se junte ao bloco alinhado ao Planalto.
Uma das pastas que esse setor mais ligado aos evangélicos gostaria é a da Educação, que está em seu quarto ministro em menos de dois anos. Porém, Bolsonaro ainda não acenou com mudanças por lá. Até aqui, nesses ministérios mais “de ponta”, ou seja, com contato direto com prefeitos, é certo que o presidente não mudará o do Desenvolvimento Regional, o de Direitos Humanos, o de Comunicações e o de Ciência e Tecnologia. Já Pazuello e Lorenzoni balançam.
Se Bolsonaro vai ceder tanto espaço aos partidos, é algo que ainda não está fechado. Afinal, a ala que acompanha o presidente, desde o início, anda muito ressentida com essa cessão de lugares às legendas do Centrão. Até aqui, o PP, por exemplo, levou a liderança do governo na Câmara, deslocando o deputado Vitor Hugo (PSL-GO) para acomodar o deputado Ricardo Barros (PP-PR), aliado de Lira. Nessa troca, ao contrário de Marcelo Álvaro Antônio, Vitor Hugo não reclamou ao ser afastado do cargo de líder. Voltou-se para o estado de Goiás e ficou por lá até que a mágoa passasse. Álvaro, porém, saiu atirando, e uma bala perdida atingiu Lira. Se o tiro será fatal, ou representará uma bênção para a eleição do presidente da Câmara, o futuro próximo dirá.
Com
informações portal Correio Braziliense
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