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31 de dezembro de 2020

Discurso de despedida do vereador Adeilton na Câmara Municipal de Altaneira

O presidente Adeilton sensibilizou apoiadores no discurso de despedida e chorou (Foto: Reprodução/Facebook)

Inicialmente registro meus agradecimento a Deus. A família. Aos Eleitores (2008: 415 – 9,17%; 2012: 587 – 12,59%; 2016: 395 – 8,20%). Parceiros partidários. Servidores da Câmara.

Se brotarem lágrimas, que elas irriguem o que de melhor eu pude plantar, enquanto eu aqui estive, nas Comissões, nos corredores, no plenário desta Câmara. Ainda que eu tenha cultivado a humildade de reconhecer que fiz menos do que eu poderia e muito menos do que eu desejei fazer, aqui eu não só plantei, eu colhi. Esta Casa, amigos, sempre foi para mim terra fértil, e o que mais espero é que a minha colheita possa ter saciado, na medida das minhas limitações como semeador, o desejo de democracia, de soberania, de cidadania e de justiça do nosso amado povo altaneirense.

Pelo que fiz, ainda que pouco na minha imensidão, na imensidão da minha vontade de fazer, agradeço em primeiro lugar a Deus, porque de Deus sentimos a presença nas pequenas coisas, nos pequenos gestos!

Eu, da minha parte, reconheço a minha insignificância diante do conjunto da criação divina, mas tenho procurado dedicar a minha vida a bem servir. Tenho buscado ser instrumento nessa travessia. Acho que fui mais consolado do que consolei nesta Casa; acho que fui mais compreendido do que compreendi; acho que fui mais amado do que amei; acho que mais recebi do que doei; acho que mais fui perdoado do que perdoei; acho que mais vivi que morri, mas eu lutei, confesso que lutei.

Onde eu vi o ódio, lutei para levar o amor; onde eu vi a ofensa, lutei para levar o perdão; onde eu vi a discórdia, lutei para levar a união; onde eu vi dúvida, lutei para levar a fé; onde eu vi o erro, lutei para levar a verdade; onde eu vi desespero, lutei para levar a esperança; onde eu vi repressão, lutei para levar a liberdade; onde eu vi corrupção, lutei para levar a ética; onde eu vi impunidade, lutei para levar a justiça.

Agora, contemplando essa minha caminhada e admitindo que ela deixou marcas profundas na minha alma, “queria ser eu mesmo”. Não por orgulho, nem por soberba, mas por gratidão. Gratidão pela vida. Gratidão por poder emprestar a minha voz a quem teve a voz silenciada.

Eu passei. Confesso que passei. Eu sei que não tenho doutorado e que conheço pouco da vida, afeto que sempre fui às pequenas coisas, aos pequenos gestos, aos pequenos. Saio daqui como entrei: ainda um aprendiz. E vou seguir o meu destino fazendo o meu caminho.

Terei mais tempo agora para conversar com os meus amigos. Jogar fora a conversa que guardei, por tanto tempo, debaixo do colchão dos meus sonhos.

Terei mais tempo agora para conviver com a minha família.

E mesmo que não reste tempo para tudo me responder, peço a Deus que me conceda a graça de que tenha o tempo suficiente para as minhas perguntas, as minhas angústias, as minhas dúvidas, as minhas eventuais faltas de fé.

Terei mais tempo agora para dar conta a Deus dos meus fraquejos e desatinos, para que eu possa, ao menos, me sentir perdoado por Ele e por quem eu os pratiquei.

Terei mais tempo, não importa se me reste menos tempo. Já disse alguém: “quanto menos tempo a gente tem, mais coisas consegue fazer”.

As minhas palavras deixam agora o relento dos discursos, mas não recorrerão ao agasalho do silêncio. Vou soprá-las a outros ouvidos, vou semear em outros campos férteis como este do qual agora me despeço.

Eu não consigo imaginar como são as noites de sono do corrupto e do corruptor, que veem no noticiário da noite o choro da mãe, filho desfalecido no colo, pela falta de assistência ou atendimentos por desvios do recurso público.

Foram 12 anos só nesta Casa, ao longo dos meus 40 anos de vida.

A minha vontade é de dirigir-me a cada um dos companheiros que aqui tive, para abraçá-los e agradecer-lhes a dádiva da convivência. Bem-aventurados sejam todos!

Quisera voltar no tempo, ao momento mesmo de recomeçar. No exame de consciência da volta, encontrar a vida que se inicia. Mudaria pouca coisa. Mas sou dinâmico, somos mutáveis.

Foram 12 anos de muita luta, debates, investigações, excessos, falhas e muitos acertos. Participei de todas as comissões do legislativo. Fui relator e presidente de CPI. Arrumei muita discórdias e inimizades por causa de minhas posições diante dos fatos. Mas fui eleito para servir e defender meu povo e por eles tomei decisões que me custou muito caro, tanto na vida familiar quanto social, quanto política.

Minhas desculpas a todos que de alguma forma atingir, principalmente ao povo de Altaneira, que de alguma forma falhei. Tentei dar sempre meu melhor. Doei meu sangue no combate, na defesa de nossos direitos, muitas vezes fui incompreendido, mas o tempo mostrou que tinha razão, que estava no caminho certo.

Espero contar com a compreensão de todos e vamos seguir lutando. Nunca essa hashtag foi tão oportuna e atual. #Alutacontinua.

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