O presidente Adeilton sensibilizou apoiadores no discurso de despedida e chorou (Foto: Reprodução/Facebook) |
Inicialmente registro meus agradecimento a Deus. A família. Aos Eleitores (2008: 415 – 9,17%; 2012: 587 – 12,59%; 2016: 395 – 8,20%). Parceiros partidários. Servidores da Câmara.
Se brotarem lágrimas, que elas irriguem o que de melhor eu pude plantar, enquanto eu aqui estive, nas Comissões, nos corredores, no plenário desta Câmara. Ainda que eu tenha cultivado a humildade de reconhecer que fiz menos do que eu poderia e muito menos do que eu desejei fazer, aqui eu não só plantei, eu colhi. Esta Casa, amigos, sempre foi para mim terra fértil, e o que mais espero é que a minha colheita possa ter saciado, na medida das minhas limitações como semeador, o desejo de democracia, de soberania, de cidadania e de justiça do nosso amado povo altaneirense.
Pelo que fiz, ainda que pouco na minha
imensidão, na imensidão da minha vontade de fazer, agradeço em primeiro lugar a
Deus, porque de Deus sentimos a presença nas pequenas coisas, nos pequenos
gestos!
Eu, da minha parte, reconheço a minha
insignificância diante do conjunto da criação divina, mas tenho procurado
dedicar a minha vida a bem servir. Tenho buscado ser instrumento nessa
travessia. Acho que fui mais consolado do que consolei nesta Casa; acho que fui
mais compreendido do que compreendi; acho que fui mais amado do que amei; acho
que mais recebi do que doei; acho que mais fui perdoado do que perdoei; acho
que mais vivi que morri, mas eu lutei, confesso que lutei.
Onde eu vi o ódio, lutei para levar o amor; onde
eu vi a ofensa, lutei para levar o perdão; onde eu vi a discórdia, lutei para
levar a união; onde eu vi dúvida, lutei para levar a fé; onde eu vi o erro,
lutei para levar a verdade; onde eu vi desespero, lutei para levar a esperança;
onde eu vi repressão, lutei para levar a liberdade; onde eu vi corrupção, lutei
para levar a ética; onde eu vi impunidade, lutei para levar a justiça.
Agora, contemplando essa minha caminhada e
admitindo que ela deixou marcas profundas na minha alma, “queria ser eu mesmo”.
Não por orgulho, nem por soberba, mas por gratidão. Gratidão pela vida.
Gratidão por poder emprestar a minha voz a quem teve a voz silenciada.
Eu passei. Confesso que passei. Eu sei que não
tenho doutorado e que conheço pouco da vida, afeto que sempre fui às pequenas
coisas, aos pequenos gestos, aos pequenos. Saio daqui como entrei: ainda um
aprendiz. E vou seguir o meu destino fazendo o meu caminho.
Terei mais tempo agora para conversar com os
meus amigos. Jogar fora a conversa que guardei, por tanto tempo, debaixo do
colchão dos meus sonhos.
Terei mais tempo agora para conviver com a minha
família.
E mesmo que não reste tempo para tudo me
responder, peço a Deus que me conceda a graça de que tenha o tempo suficiente
para as minhas perguntas, as minhas angústias, as minhas dúvidas, as minhas
eventuais faltas de fé.
Terei mais tempo agora para dar conta a Deus dos
meus fraquejos e desatinos, para que eu possa, ao menos, me sentir perdoado por
Ele e por quem eu os pratiquei.
Terei mais tempo, não importa se me reste menos
tempo. Já disse alguém: “quanto menos tempo a gente tem, mais coisas consegue
fazer”.
As minhas palavras deixam agora o relento dos
discursos, mas não recorrerão ao agasalho do silêncio. Vou soprá-las a outros
ouvidos, vou semear em outros campos férteis como este do qual agora me
despeço.
Eu não consigo imaginar como são as noites de
sono do corrupto e do corruptor, que veem no noticiário da noite o choro da
mãe, filho desfalecido no colo, pela falta de assistência ou atendimentos por
desvios do recurso público.
Foram 12 anos só nesta Casa, ao longo dos meus
40 anos de vida.
A minha vontade é de dirigir-me a cada um dos
companheiros que aqui tive, para abraçá-los e agradecer-lhes a dádiva da
convivência. Bem-aventurados sejam todos!
Quisera voltar no tempo, ao momento mesmo de
recomeçar. No exame de consciência da volta, encontrar a vida que se inicia.
Mudaria pouca coisa. Mas sou dinâmico, somos mutáveis.
Foram 12 anos de muita luta, debates,
investigações, excessos, falhas e muitos acertos. Participei de todas as
comissões do legislativo. Fui relator e presidente de CPI. Arrumei muita
discórdias e inimizades por causa de minhas posições diante dos fatos. Mas fui
eleito para servir e defender meu povo e por eles tomei decisões que me custou
muito caro, tanto na vida familiar quanto social, quanto política.
Minhas desculpas a todos que de alguma forma
atingir, principalmente ao povo de Altaneira, que de alguma forma falhei.
Tentei dar sempre meu melhor. Doei meu sangue no combate, na defesa de nossos
direitos, muitas vezes fui incompreendido, mas o tempo mostrou que tinha razão,
que estava no caminho certo.
Espero contar com a compreensão de todos e vamos
seguir lutando. Nunca essa hashtag foi tão oportuna e atual. #Alutacontinua.
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