Superintendente e professores da Escola de Saúde Pública do Ceará com idealizador do equipamento, Marcelo Alcantara (Foto: Daniel Araújo) |
“Os pacientes melhoraram a oxigenação e tiveram evolução clínica. Esperávamos que metade dos pacientes se beneficiassem, mas foi acima do esperado. E não eram casos leves, todos utilizavam doses altas de oxigênio. Estavam numa situação limítrofe, com risco de internação em leitos de UTI, e melhoraram relativamente rápido”, comemora Marcelo Alcantara.
Ao utilizar um mecanismo de respiração artificial não invasivo, o Elmo foi fundamental para evitar a intubação de pacientes, reduzindo em 60% a necessidade de internações em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Apenas quatro das dez pessoas que usaram o capacete no HLV precisaram ser transferidas para UTIs. O dispositivo trata quadro clínico moderado e também auxilia casos em início de gravidade.
O Elmo avança agora para uma nova etapa. O teste em paciente, que foi autorizado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), era um dos requisitos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para autorizar a produção em escala industrial do equipamento. Com a eficácia comprovada, o aval foi concedido no dia 29 de outubro à Esmaltec, empresa que vai fabricá-lo e comercializá-lo. Já a patente do dispositivo foi registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em julho.
A proposta de criar um capacete nasceu no início de abril. A iniciativa uniu ciência, tecnologia e inovação, um dos valores da Sesa. Ao todo, nove protótipos foram sugeridos e testados em voluntários no Laboratório Elmo, implantado na Central de Ventiladores Mecânicos e Equipamentos Respiratórios (CVMER). Com a consolidação do equipamento, iniciou-se a aplicação em pacientes. O trabalho reúne diversos profissionais, entre médico pneumologista e intensivista, fisioterapeutas, técnicos em usinagem e ferramentaria, design industrial e engenheiros nas áreas clínica, civil, mecânica e de produção.
O projeto foi abraçado pelo Governo do Ceará, por meio da Sesa, ESP/CE e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor), com o apoio do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) e Esmaltec.
“O Elmo é um feito importante para o país. O projeto foi desenvolvido em tempo recorde, apesar de não queimar etapas e cumprir todas as exigências dos órgãos de pesquisa e regulação. Meu sentimento é de gratidão ao trabalho incansável de todos os envolvidos, o que vai permitir logo o atendimento de pacientes”, salientou Paulo André Holanda, diretor do Senai Ceará durante a abertura do webinar.
Acomodado ao pescoço do paciente, o Elmo permite ofertar oxigênio a uma pressão definida ao redor da face, sem necessidade de intubação. Dessa forma, a pessoa consegue respirar com auxílio da pressurização e oferta de oxigênio. O sistema possibilita, portanto, a melhora na respiração e pode ser utilizado fora de leitos de UTI.
O equipamento pode ser desinfectado e reutilizado. Outro benefício é o custo inferior em relação aos respiradores mecânicos e a maior segurança para os profissionais de saúde, já que, por ser vedado, não permite a proliferação de partículas de vírus.
Além disso, o equipamento será um legado da pandemia para a saúde e pode tratar outras enfermidades que comprometem o funcionamento dos pulmões, como pneumonia e H1N1. Se o Elmo era o nome do capacete que garantia a proteção dos guerreiros medievais, nos tempos atuais irá proteger e preservar a vida de pacientes na batalha contra a Covid-19.
Com
informações Assessoria de Comunicação do Governo do Ceará
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