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4 de outubro de 2020

Kássio Nunes e as conspirações por trás de uma indicação por Carlos Mazza

O desembargador Kássio Nunes foi para vaga a ser aberta no STF pela aposentadoria do ministro Celso de Mello (Foto: Telsírio Alencar)

A surpreendente e repentina indicação de Kássio Nunes para vaga a ser aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) pela aposentadoria de Celso de Mello causou muita polêmica ao longa da última semana. Curiosamente, no entanto, o acirramento aconteceu basicamente por todas as razões erradas.

Desde que o nome do desembargador federal piauiense começou a ser cogitado, tem sido pesada a resistência de setores mais ideológicos do bolsonarismo, que enxergam no indicado um peão do Centrão ou até mesmo - o rol de teorias da conspiração é extenso - um "infiltrado" do petismo, com gente atribuindo a indicação até a Lula (PT).

Longe de ser "terrivelmente evangélico" ou alguém que "beba cerveja" com Bolsonaro, o piauiense acaba sendo uma boa surpresa pelo perfil pouco afeito a polêmicas. Cercado de decisões questionáveis e em franco descrédito, o STF vive hoje situação que não precisa de mais uma polêmica no pacote.

Com esse perfil, a tese de que o indicado estaria indo para a Corte só para "blindar" a família Bolsonaro é factível, mas pouco provável. Hoje com 48 anos, Nunes teria direito à vaga até 2047. Nessa perspectiva, Bolsonaro se torna figura temporária, alguém que passará.

Poupando a Corte de uma indicação de claro aparelhamento político ou ideológico, Bolsonaro poupa a instituição e, a longo prazo, a própria democracia. Ainda que tenha feito isso diante de pressões de gente questionável ou pela própria certeza de que uma indicação "terrivelmente evangélica" seria derrubada no Senado. O País agradece.

Publicado originalmente no portal O Povo Online


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