O desembargador Kássio Nunes foi para vaga a ser aberta no STF pela aposentadoria do ministro Celso de Mello (Foto: Telsírio Alencar) |
A surpreendente e repentina indicação de Kássio Nunes para vaga a ser aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) pela aposentadoria de Celso de Mello causou muita polêmica ao longa da última semana. Curiosamente, no entanto, o acirramento aconteceu basicamente por todas as razões erradas.
Desde que o nome do desembargador federal piauiense começou a ser cogitado, tem sido pesada a resistência de setores mais ideológicos do bolsonarismo, que enxergam no indicado um peão do Centrão ou até mesmo - o rol de teorias da conspiração é extenso - um "infiltrado" do petismo, com gente atribuindo a indicação até a Lula (PT).
Longe de ser "terrivelmente evangélico" ou alguém que "beba cerveja" com Bolsonaro, o piauiense acaba sendo uma boa surpresa pelo perfil pouco afeito a polêmicas. Cercado de decisões questionáveis e em franco descrédito, o STF vive hoje situação que não precisa de mais uma polêmica no pacote.
Com esse perfil, a tese de que o indicado estaria indo para a Corte só para "blindar" a família Bolsonaro é factível, mas pouco provável. Hoje com 48 anos, Nunes teria direito à vaga até 2047. Nessa perspectiva, Bolsonaro se torna figura temporária, alguém que passará.
Poupando a Corte de uma indicação de claro aparelhamento político ou ideológico, Bolsonaro poupa a instituição e, a longo prazo, a própria democracia. Ainda que tenha feito isso diante de pressões de gente questionável ou pela própria certeza de que uma indicação "terrivelmente evangélica" seria derrubada no Senado. O País agradece.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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