O presidente ainda aproveitou a situação para alfinetar o ex-juiz Sergio Moro (Foto: Divulgação/Facebook) |
“Ou confia em mim, ou não confia”, disparou. Bolsonaro ainda analisou as manifestações do pastor Silas Malafaia, que vem tecendo críticas, pelas redes sociais, a ele e à indicação que fez. E disse que Kassio está sendo vítima de “covardia”.
“Lamento muito. Uma autoridade lá, no Rio, alguém que eu prezava muito, está me criticando muito, com videozinhos, e me xingando de tudo quanto é coisa porque eu escolhi (o Kassio) para ir para o Supremo. E está mantido, a não ser que haja um fato novo, gravíssimo, contra ele. E, pelo que tudo indica, não tem. Ele vai para o Supremo. Agora, é uma covardia o que estão fazendo com ele”, disse o presidente, visivelmente contrariado.
Bolsonaro aproveitou para alfinetar o ex-ministro Sergio Moro. “Que tal eu indicar o Sergio Moro para o Supremo? Se ele não tivesse pedido demissão, e estivesse comigo até hoje, vários de vocês estariam falando: ‘ou é o Sergio Moro para o Supremo ou não tem reeleição em 2022’. É ou não é isso? Ou vocês confiam em mim ou não confiam, tá certo?”
Malafaia vem divulgando, em suas redes sociais, que é “uma vergonha e decepção geral” a primeira indicação de Bolsonaro para a vaga no STF. O religioso diz, ainda, que o escolhido foi nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff para desembargador do TRF-1 e que teria “posições socialistas”. O presidente, porém, ressaltou que a indicação ao cargo cabe unicamente a ele e classificou sua escolha como “crucial” para o governo.
“Essa infâmia que essa autoridade lá no Rio está fazendo contra o Kassio é uma covardia. Até porque, ele está fazendo porque queria que eu colocasse um indicado por ele. Com todo respeito, o presidente sou eu. Eu não tenho cabeça dura, não. Eu volto atrás em decisões minhas, mas essa decisão é crucial para mim”, justificou.
O presidente defendeu Kassio, também, da acusação de ter liberado, em maio de 2019, a compra de lagosta e vinho para os eventos do STF – que havia sido impedida por uma juíza federal. Bolsonaro disse que isso não tira as qualificações do desembargador.
“Eu recebo autoridades aqui em casa, do mundo todo. O que eu devo servir para eles? Angu e tubaína? Nunca entrou lagosta aqui. Da minha parte não entra. O que acontece? Vamos supor que a liminar cassada pelo Kassio e o cardápio do STF voltou a ter lagosta e vinho. Vamos supor que vocês sejam vegetarianos, entram com uma ação no STF para que não compre filé mignon. Então, o juiz decide na primeira instância que não pode mais comprar filé e tem que ser só verdura. É uma interferência exagerada por parte de alguns dos poderes. Eu não compraria. O Supremo comprou e não respondo por isso. Justifiquem-se se é ilegal, se não é, se pode ou não pode. Agora, uma decisão dessa, mesmo que seja do Kassio, e esse cara não serve mais para ter ascensão na vida de jurista? Que negócio é esse”, indignou-se.
Bolsonaro afirmou que está aborrecido com as calúnias que tem ouvido contra Kassio. “Quer me criticar, critique sem problema nenhum. Agora, ir para a calúnia, igual esse cara (Malafaia) do Rio está fazendo covardemente, caluniando o cara”, disse, irritado, acrescentando estar surpreso com a atitude do religioso.
Embora não o tenha citado diretamente, disse que “o que mais dói” é que os ataques venham de “uma autoridade que diz que tem Deus no coração”. O presidente citou, também, o episódio da deportação do terrorista Cesare Battisti. Na época, Kassio votou contra a entrega ao governo italiano.
“Culpar o desembargador pelo Battisti ter ficado no Brasil… É um covarde o cara que faz uma acusação dessas. Todo mundo tem defeito. Agora, que esse defeito cause mal só a você. Não fique querendo estender isso para todo mundo. Então, estou chateado sim. O pessoal que me apoia virando as costas, não tem problema – lamento. O voto é um direito dele; até não ir votar é um direito dele. Agora, tudo ver defeito...”, comentou o presidente, para alfinetar Malafaia:
“Essa autoridade do Rio queria que eu indicasse o (candidato) dele. Vocês devem saber de quem estou falando. Tem vários vídeos aí. Lamento. Uma autoridade que diz que tem Deus no coração ainda por cima. É o que dói mais na gente, mas, tudo bem”, arrematou.
A indicação do desembargador foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (02), com o encaminhamento para sabatina no Senado. Na mesma edição, o presidente concede, também, a aposentadoria a Celso de Mello, a partir do próximo dia 13.
Na noite de quinta-feira, em live transmitida nas redes sociais, Bolsonaro confirmou a escolha por Kassio. De acordo com o presidente, ele escolheu o magistrado em razão da proximidade. "O Kassio Nunes já tomou muita tubaína comigo. Não adianta ser indicado pelas mais altas autoridades", justificou.
Bolsonaro descreveu o magistrado como "católico e de família". "Falam que ele é desarmamentista. Não tem nada a ver. Tenho conversado com ele, conheço já há algum tempo, já tomou muita tubaína comigo. A questão de família, ele é católico, é família e tenho certeza que vocês vão gostar do trabalho dele no Supremo", assegurou.
O desembargador foi advogado por 15 anos, é professor de direito e tem extensa atividade no meio acadêmico. Favorável à prisão a partir de condenação em segunda instância, já defendeu, no passado, que o Poder Judiciário atue para limitar ações do Executivo que representem ilegalidades ou coloquem em risco direitos e serviços públicos.
O magistrado é conhecido por tomar decisões em prol do meio ambiente, da fiscalização contra desmatamentos e por defender o uso da inteligência artificial para dar celeridade às decisões judiciais e desafogar os tribunais. Kassio também é um defensor das carreiras da magistratura e frequentemente fala da necessidade de aumentar o número de servidores e juízes nos tribunais que estão com excesso de processos.
Com
informações portal Correio Braziliense
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