Governo do Estado proíbe realização de eventos fechados

 

 Camilo Santana anunciou que a deliberação se deu em razão de aumento de novos casos da Covid-19 (Foto: Divulgação/Facebook)

Duas semanas após começar a frear processo de reabertura no Ceará, Governo do Ceará proíbe realização de eventos festivos em ambientes fechados. A medida entrará em vigor na aplicação do próximo Decreto Estadual, na próxima segunda-feira, 26. O governador Camilo Santana anunciou ontem (23/10), por meio das redes sociais, que a deliberação se deu em razão de aumento de novos casos da Covid-19 "registrado em algumas áreas de Fortaleza". Há uma semana, a lotação máxima em eventos sociais, festas e shows, que era de 200 pessoas, havia sido reduzida para 100.

Na publicação, o governador destaca que o aumento de casos atingiu, com maior intensidade, pessoas entre 20 e 39 anos de idade. Ele cita ainda "abusos praticados nos eventos da campanha política. Ele reforçou a importância da ação da Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral. "Não podemos aceitar que sejam promovidas aglomerações de forma inconsequente, colocando em risco a vida das pessoas", disse. Não obstante o cenário de alerta, ele afirma que não há, neste momento, a necessidade "de medidas mais extremas", garantindo não existir previsão de lockdown.

"Nossos especialistas da saúde apresentaram argumentos e estudos que apontam serem esses locais fechados os maiores disseminadores do coronavírus neste momento, com maior potencial de risco de contaminação, principalmente quando não há o uso da máscara", explicou Camilo. 

A Região de Saúde de Fortaleza, composta por 43 municípios, apresentou 72% de aumento de casos, conforme boletim epidemiológico divulgado nesta quinta-feira, 22, pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa). Boletim semanal da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) publicado normalmente às sextas-feiras, deve sair hoje, conforme a pasta. Documento da semana passada, publicado na sexta-feira, 16, cita preocupação especial com a Regional 2. O texto fala ainda de aumento da positividade dos exames para 9,2%. O que indica aumento da circulação viral.

Conforme a epidemiologista Lígia Kerr, professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), existem "bolhas" de pessoas que não foram expostas ao vírus e que são suscetíveis à infecção. "Se não houverem medidas de restrição, vai chegar aos bolsões de pessoas que não foram infectadas. É uma situação de alerta", classifica. "Seria muito difícil que devagarinho o vírus não aumentasse a circulação", analisa Kerr, que integra o subgrupo de Epidemiologia do Comitê Científico do Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste.

Considerando o perfil das pessoas que apresentaram as novas infecções, adultos jovens, ela alerta que é preciso aumentar os cuidados para evitar contágio. "Não ir para locais fechados. As pessoas estão abusando. São pessoas que estão circulando mais. Estamos com bolsões de prevalência baixa. Vemos registros de locais em que parece que não há pandemia", diz.

Apesar de os jovens apresentarem taxa de letalidade menor, "transmitem para idosos e pessoas com comorbidades", frisa o infectologista Roberto da Justa, que atua no Hospital São José e é professor do Departamento de Saúde Comunitária da UFC. Ele projeta que o impacto na taxa de mortalidade "só vai ser visto em algumas semanas, que serão muito importantes". "Enquanto houver pessoas suscetíveis a chance de contaminar é real. Se as medidas preventivas não forem tomadas, o vírus começa a circular mais intensamente", afirma.

Procuradas ontem à tarde, SMS e Sesa informaram não disponibilizar de fontes para comentar mais sobre o aumento por meio de entrevista.

Com informações portal O Povo Online

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