No seu discurso na ONU o presidente emendou uma fieira de embustes, mentiras, falsas informações e meias verdades (Foto: Reprodução/YouTube) |
Vamos
concordar: o presidente Jair Bolsonaro não decepcionou ninguém em seu discurso
na Assembleia das Nações Unidas. Quero dizer, ninguém pensante esperava uma
prédica de estadista, e sim que ele agisse como um presidente provinciano,
querendo eximir-se de responsabilidades. Foi o que fez. De quebra, bancou o
sabujo de Donald Trump, citando-o elogiosamente, ao mesmo tempo em que atacava
a Venezuela para fazer mais um agrado a seu ídolo.
Depois, o presidente emendou uma fieira de embustes, mentiras, falsas informações e meias verdades, típicas da realidade alternativa do mundo bolsonariano, onde habitam os fanáticos do “mito”.
Vejamos.
Covid-19. Disse ter alertado “desde o início” sobre os problemas da doença. (Na verdade, classificou a pandemia de “resfriadinho”, de “gripezinha”.) Depois, jogou a responsabilidade de sua falta de iniciativa nas costas dos governadores, os quais, na maioria, agiram corretamente. Em seguida, culpou a imprensa por “politizar” o vírus, quando foi ele o campeão dessa campanha.
Auxílio emergencial. Afirmou que os cadastrados vão receber a soma de mil dólares. Porém, o total do benefício para a maioria dos que receberam é de R$ 4.200 (cinco parcelas de R$ 600 e outras quatro de R$ 300). Com a moeda americana em torno de R$ 5,50, mil dólares seriam R$ 5.500. Ou seja, Bolsonaro fica devendo R$ 1.300 aos beneficiários. Sem contar que nem todos receberão as quatro das parcelas de R$ 300 - milhares de pessoa ficaram de fora devido a um truque do governo. (Sem contar que a proposta inicial do governo era um auxílio de R$ 200. Na Câmara dos Deputados o valor foi revisto.)
Desmatamento e fogo na Amazônia e no Pantanal. Segundo ele, “instituições internacionais” estão unidas a “associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”. A culpa dos incêndios também seria do “caboclo e do índio”, por queimadas que fazem em seus roçados. Mais uma vez o problema não está no governo. É uma ridícula teoria da conspiração tentando esconder a destruição que campeia nessas áreas, incentivada pelo próprio presidente.
Essas são algumas das mentiras mais grosseiras do discurso do presidente. Há outras, como, por exemplo afirmar que o óleo derramado na costa do Nordeste em agosto do ano passado é de origem venezuelana. Na verdade, até agora não há estudos conclusivos sobre o assunto.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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