13 de setembro de 2020

Estratégias, prioridades e apostas dos partidos nas eleições no Ceará


Frequentemente utilizada na política, a analogia das eleições como um tabuleiro onde peças de um jogo se movem é útil para compreender quais são os cenários colocados na disputa. Se aplicada ao Ceará, a comparação já revelaria hoje um quadro para 15 de novembro praticamente fechado, com quase todas as peças já colocadas em posição e aguardando apenas o início da partida.

Com apenas três dias até o fim do prazo para a homologação de candidaturas na Justiça Eleitoral, a maioria dos partidos já sabe exatamente em quais dos 184 municípios cearenses deverá disputar prefeituras. Ouvidos pelo jornal O POVO, líderes de dez das principais siglas do Estado revelaram suas apostas e afirmam que pouca coisa deve mudar nas articulações de última hora.

Voltando mais uma vez à analogia do tabuleiro, o partido que teria hoje mais peças em jogo seria o PDT. Abrigo das duas principais lideranças políticas do Estado, os irmãos Cid e Ciro Gomes, a legenda planeja brigar, entre pré-candidatos e candidatos já homologados, pelo comando de 120 prefeituras do Estado - mais de 65% do total de municípios cearenses.

Na última eleição municipal, em 2016, o PDT elegeu 49 prefeitos no Estado. Muito visado pela influência junto à Assembleia e ao Palácio da Abolição, no entanto, a sigla virou "ponto de peregrinação" para políticos de outros partidos e já soma hoje 65 prefeituras. Segundo o presidente da sigla no Ceará, deputado André Figueiredo, a ideia é aumentar o número para até 70 neste ano.

Para o parlamentar, a missão é importante principalmente diante do objetivo maior do partido, de olho no fortalecimento da campanha de Ciro Gomes à Presidência da República em 2022. "A disputa municipal é sem dúvidas um alicerce para 2022 e queremos que o PDT se consolide como o maior partido no Estado, até porque é a terra do Ciro, nosso pré-candidato a presidente", diz.

Se pedetistas possuem o maior "exército" em jogo, a maior surpresa do tabuleiro fica por conta do PSD, sigla que aparece logo atrás do PDT em número de candidaturas. Elegendo 18 prefeitos em 2016, o partido dobrou fileiras para 36 prefeituras nos últimos anos, principalmente abrigando "fuga" de ex-opositores do governo estadual que buscavam aderir à base de Camilo Santana (PT).

Neste ano, o partido pretende continuar a expansão e, de olho em se consolidar como segunda força do Ceará, terá 92 candidatos a prefeito. "Estamos muito competitivos e estamos em todas as regiões do Estado, entre grandes e pequenos municípios, disputando em 50% dos municípios", afirma o ex-conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e líder maior do PSD no Estado, Domingos Filho.

Quem também cresce o olho na disputa é o Pros, hoje principal força de oposição no Ceará. Segundo coordenador do partido no Estado, Euler Barbosa, o foco do partido será principalmente nos grandes municípios, como Fortaleza, Caucaia e Crato, de olho em iniciar a construção de um grupo político forte de oposição.

"A grande aposta é em Fortaleza e em Caucaia, com o Capitão Wagner e o Vitor Valim, mas vamos disputar 17 prefeituras se tudo se confirmar", diz, destacando que a sigla tem um indicativo proibindo coligações com o PDT. "Não faz sentido termos essa disputa nessa Capital e ocorrerem alianças do tipo no Interior", diz.

Líder maior do PT no Ceará, o deputado federal José Guimarães diz que o partido promete virar a página do trauma de 2016, quando petistas "encolheram" de 26 para apenas 15 prefeituras no Estado. "O PT se organizou e se preparou bem para enfrentar eleições no Nordeste e especialmente aqui no Ceará. Fizemos uma intensa articulação", diz, afirmando que o partido terá cerca de 70 candidatos a prefeito.

Outra sigla na busca por reconquistar espaço no Estado após o seu líder maior, Eunício Oliveira, perder reeleição em 2018, o MDB se prepara para ser morada para opositores do grupo dos Ferreira Gomes no Interior. Segundo o deputado Danniel Oliveira (MDB), sigla terá candidatos em 58 cidades.

No Centro das ambições do partido, estão municípios grandes como Iguatu e até Sobral, reduto político dos irmãos Cid e Ciro. "Eunício tem acompanhado passo a passo e participando de cada conversa. Esse quadro foi desenhado a mão, pensando não só na força dos candidatos quanto na lealdade à legenda", diz.

Com informações portal O Povo Online

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