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15 de agosto de 2020

"Imunidade de rebanho" não pode ser a meta, dizem especialistas

Praias de Fortaleza registram aglomerações mas taxas em continuam em queda (Foto: Thais Mesquita)
 

Em maio deste ano, a Suécia adotou medidas diferentes dos vizinhos europeus para enfrentar a pandemia: decidiu apostar na "imunidade de rebanho" e, desta forma, não decretou lockdown ou restringiu a circulação de moradores. Um mês depois, chegou ao patamar de 2º país da Europa com mais casos por habitantes.
A imunidade coletiva ou, popularmente, "imunidade de rebanho" é um conceito criado por imunologistas para calcular quantas pessoas em uma população precisam estar imunes a um agente infeccioso para que ele não atinja indivíduos vulneráveis. A ideia tem a ver com quanto mais mais pessoas imunizadas, menos pessoas doentes e, consequentemente, menos vírus circulando. No entanto, a imunidade de grandes grupos à Covid-19 ainda não é um processo conhecido pelos pesquisadores. Além disso, o Brasil não possui um programa de testagem forte que possa avaliar a taxa de pessoas que já se infectaram com o novo coronavírus.

"O que garante a imunidade de rebanho é a vacinação. No caso do Sars-CoV-2, o índice que se calcula pra imunidade de rebanho é muito alto, ou seja, muitas pessoas precisariam ter anticorpos contra o vírus por meio do adoecimento anterior. A queda no número de casos em Fortaleza pode ser porque as pessoas mais suscetíveis já pegaram a doença, mas não se pode tirar dessa equação o isolamento social e o uso de máscaras", afirma Helder Nakaya, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) e integrante da Comissão de Ensino da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI).

"É difícil colocar em uma fórmula matemática que o observado em Fortaleza seja resultado de uma imunidade de rebanho. Todos os pesquisadores que tentam usar modelos para fazer projeções precisam levar em consideração uma série de fatores. Para afirmar tal coisa, é preciso fazer testagens em massa e ver a prevalência para ver qual o percentual da população é positiva", indica.

Para o médico infectologista Keny Colares, o termo não pode ser usado em contexto que não seja o da vacinação. "Imunidade para a Covid-19, só se 60% da população estivesse vacinada. Quem está utilizando o conceito na tentativa de negacionismo da doença, para dizer que o problema está resolvido, que a doença foi embora ou que não precisa mais ter tantos cuidados, está 'forçando a barra'", aponta.

Com informações portal O Povo Online


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