A comporta que libera as águas do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco foi acionada ontem (20/08), em Jati (a 529km da Capital). Participou da cerimônia de acionamento, realizada durante a manhã, o ministro do Desenvolvimento Regional (MDR), Rogério Marinho. As águas se integram ao Cinturão das Águas do Ceará (CAC), com destino ao Castanhão, beneficiando cerca de 4,5 milhões de pessoas, conforme estimativas do MDR.
As águas do São Francisco haviam chegado em junho último ao Ceará e desde então estavam enchendo a barragem de Jati. Até ontem, 20, a barragem estava com 94,8% de sua capacidade — o equivalente a 26,2 milhões de metros cúbicos. De Jati, as águas percorrem 53 quilômetros até os leitos dos rios Salgado e Jaguaribe. De lá, são mais 256 quilômetros até o Açude Castanhão. Até chegar ao açude Pacoti, onde se integra ao sistema hídrico da RMF, deve demorar cerca de dois ou três meses, estima a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH).
Em nota encaminhada ao jornal O POVO, o Ministério do Desenvolvimento Regional garantiu que o ato de acionamento da comporta é uma avanço da situação hídrica do Estado e que trará benefícios importantes. "Além da água ser fundamental para a qualidade de vida e a saúde, irá impulsionar o desenvolvimento econômico regional", afirma na nota o ministro da pasta, Rogério Marinho. Conforme o MDR, já foram investidos mais de R$ 170 milhões no CAC, dos quais R$ 63,3 milhões foram pagos neste ano. O Cinturão tem 64,61% de avanço físico, sendo executado pelo governo estadual.
Para o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Jader Santos, pesquisador de segurança hídrica no Ceará, a integração de bacias é sempre "interessante", desde que feita obedecendo estudos de impactos social e ambiental. O Ceará precisa de transposições entre bacias hidrográficas, o que o Estado está bem avançado com relação ao País, ele afirma. Ele pondera, porém, que a transposição do São Francisco, não se destina às pessoas que historicamente sofrem com a falta de acesso à água: as comunidades rurais. "Essencialmente", continua Santos, o projeto se volta à RMF, um importante contingente demográfico importante, mas boa parte vai para o Complexo do Pecém, que tem um modelo "muito sedento".
"O Rio São Francisco tem uma capacidade de vazão de água comprometida, ele sofre com secas constantemente, porque é muito barrado, com hidrelétricas, etc. Então, acredito que o principal caminho a ser adotado na Região Metropolitana é um processo de gerenciamento mais eficaz, em que o sistema reduza as perdas". A transposição, diz, vai suprir as necessidade pelos próximos anos, mas, depois, é preciso estabelecer um novo modelo.
Ao todo, o Eixo Norte do São Francisco tem 97,53% de seus 260km de extensão concluídos. O eixo segue enchendo para garantir disponibilidade de água aos portais que atenderão a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Naus de 6,5 milhões de pessoas serão atendidas em 220 municípios, estima o MDR.
A Integração do Rio São Francisco soma 477 quilômetros de extensão. O projeto beneficia cerca de 390 municípios de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
Com
informações portal O Povo Online
Clique aqui e assista Especial do jornal O POVO sobre a transposição
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