Movimentação nos últimos dias no Centro de Fortaleza em clima de quase normalidade (Foto: Fabio Lima) |
A cada semana, as médias de isolamento caem quase que continuamente. De 56,5%, no período de 23 a 29 de março, a média passou para 42,2%, entre 29 de junho e 5 de julho. Os dados são da startup InLoco e mostram que o índice de isolamento, apesar de nivelado, vem diminuindo. As informações são coletadas de forma anônima a partir da geolocalização de smartphones nos 184 municípios do Estado.
Marcelo Gurgel, epidemiologista e integrante Grupo de Trabalhos da Universidade Estadual do Ceará (Uece) contra a Covid-19, considera que índices nunca foram considerados realmente altos e destaca que as variações ocorrem devido ao que chama de sazonalidade. "Há sazonalidades quando se questiona: em quais horários as pessoas estão circulando? E de que maneira? Por exemplo, o horário do comércio não é o mesmo da indústria", explica.
A tendência de redução é avaliada como negativa por Lúcia Duarte, enfermeira e coordenadora do Grupo na Uece. Na linha de frente, a especialista acredita que a flexibilização foi precipitada. "Tanto que estamos vendo o retrocesso no plano. Algo aconteceu para isso ocorrer", afirma se referindo ao recuo na abertura de setores econômicos como barracas de praia e restaurantes no período noturno em Fortaleza.
Mesmo com a proibição do funcionamento de bares e também de casas de festa, as sextas-feiras têm sido os dias com menos pessoas em casa. Em junho, os dias 5, 12, 19 e 26 daquele mês foram os com menor índice de isolamento em cada semana. A tendência se confirmou este mês. Na última sexta-feira, 3, apenas 39,8% dos cearenses não saíram de seus domicílios. Já os domingos se mantém como os dias em que mais pessoas ficam em casa. Ainda assim, não chega a ser metade da população como costumava ser até o dia 7 do último mês.
Lúcia
pressupõe que a diminuição pode ter sido influenciada por mudanças na taxa de
internação e no número de óbitos, mas lamenta o que chama de extrapolação da
liberdade.
"É uma tendência própria do ser: se lhe é
dado mais liberdade, você a usa. No entanto, estão extrapolando-a muitas vezes.
Foi feita a flexibilização, mas ninguém falou que poderia sair de casa sem a
máscara", exemplifica.
"É como se houvesse uma banalização. Ou pensam que a pandemia acabou ou acabou uma valorização da vida", lamenta.
Para Luciano Pamplona, epidemiologista da Universidade Federal do Ceará (UFC), a taxa de isolamento está dentro do previsível. O desafio, segundo o médico, é o monitoramento individual dos casos. Com cada paciente sendo observado, é possível realizar um mapeamento da transmissão, identificar outros prováveis casos confirmados e suspeitos e, assim, realizar um bloqueio destes.
"O que tem que permanecer de forma muito clara é a importância do uso de máscara. Nesse momento de transição em que não temos um antiviral eficiente e uma vacina, o uso do equipamento e a higienização devem ser mantidos por bastante tempo", enfatiza.
Com informações portal O Povo Online
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