Cármen Lúcia preside a Segunda Turma do STF que tem o decano Celso de Mello como membro (Foto: Reprodução/YouTube) |
A
ministra Cármen Lúcia, presidente da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF), e o ministro Celso de Mello, decano da Corte, se manifestaram, na
abertura da sessão de ontem (26/05), acerca dos atos ofensivos proferidos
contra ministros e juízes na última semana. “Sem o Poder Judiciário, não há o
império da lei”, afirmou a ministra. “O país tem nos ministros do STF a
garantia de que a Constituição da República continuará a ser observada, e a
democracia assegurada”.
Para o ministro Celso de Mello é necessário garantir a independência do Poder
Judiciário para preservar as liberdades e a própria democracia. O decano da
Corte, que é relator de um inquérito que investiga as declarações do
ex-ministro Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro, reagiu a ataques
sofridos pelo Tribunal.
De
acordo com o magistrado, o Poder Judiciário afasta atos marginais, que muitas
vezes buscam controlar as ações dos tribunais. Ele se manifestou após
declarações da ministra Carmen Lúcia, na segunda Turma, que ressaltou que o
Supremo vai garantir a democracia.
"Subscrevo
integralmente o pronunciamento de vossa excelência (Carmen Lúcia). Também
entendo que, sem um Poder Judiciário independente, que repele injunções
marginais e ofensivas ao postulado da separação de Poderes, e que buscam muitas
vezes ilegitimamente controlar a atuação dos juízes e dos tribunais, jamais
haverá cidadãos livres, nem regime político fiel aos princípios e valores aos
primados que consagram a democracia. Sem um Poder Judiciário independente, não
haverá liberdade, nem democracia", disse Mello.
A
ministra Carmen Lúcia afirmou que "juízes não podem deixar de atuar"
e que os ministros da Corte vão "assegurar a democracia", que "é
um direito". Ela fez um discurso em defesa do Poder Judiciário durante a
sessão da Segunda Turma. A ministra saiu em defesa do Tribunal em meio a
críticas de integrantes do Poder Executivo e ataques contra instituições da
Justiça. Durante uma reunião realizada no Palácio do Planalto, no dia 22 de
abril, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que por ele, se
"botava todos esses vagabundos na cadeia, começando pelo STF".
As
declarações foram gravadas em vídeo e divulgadas pelo ministro Celso de Mello,
relator de um inquérito aberto para apurar as declarações do ex-ministro Sergio
Moro, que acusa o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir na Polícia
Federal. Além disso, o fato do ministro Celso de Mello ter encaminhado à
Procuradoria Geral da República (PGR) notícias-crime contra o presidente Jair
Bolsonaro gerou reação do general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI).
Por
meio de uma nota, ele afirmou que a eventual apreensão do celular do presidente
Jair Bolsonaro, como pediram parlamentares nas ações levadas ao Supremo,
poderia colocar em risco a "harmonia entre os Poderes" e a própria
democracia.
Carmen
Lúcia ressaltou que o Poder Judiciário precisa atuar para garantir a aplicação
da lei e funcionamento do regime político e social vigente no país. "Todas
as pessoas submetem-se a Constituição e a lei no Estado democrático de direito.
Juiz não cria lei, juiz limita-se a aplicá-la, não se age porque quer, atua-se
quando é acionado, nós juízes não podemos deixar de atuar. Porque sem o Poder
Judiciário, não há o império da lei, mas a lei do mais forte", disse.
A
magistrada continuou, afirmando que independente de ataques, o Supremo vai garantir
o funcionamento da democracia. "O Brasil tem, nos ministros deste STF,
garantia permanente que a Constituição do Brasil é e continuará a ser
observada, e a democracia assegurada", afirmou.
"Os
ministros honram a história dessa instituição e comprometem-se com todos os
cidadãos e com todas as instituições e com o futuro da democracia brasileira.
Por isso, agressões eventuais a juízes não enfraquecem o feito. A Justiça é o
compromisso e a responsabilidade deste Supremo Tribunal Federal e de todos os seus
juízes", completou Carmen Lúcia.
Com
informações portal Correio Braziliense
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