8 de maio de 2020

Bolsonaro tenta pressionar STF com "marcha empresarial"

Bolsonaro com ministros e empresários em direção ao STF  (Foto: Reprodução/Facebook)


Depois de sofrer uma série de derrotas na arena judicial, o presidente Jair Bolsonaro levou ontem (07/05) uma comitiva de empresários à sede do Supremo Tribunal Federal (STF) e fez pressão para que o presidente da Corte, Dias Toffoli, amenizasse as medidas de isolamento social decretadas por Estados para combater a pandemia do coronavírus.

Acompanhado de ministros, parlamentares e empresários, Bolsonaro atravessou a Praça dos Três Poderes e, numa visita surpresa, fez um apelo a Toffoli para que fosse permitida a reabertura do comércio, sob o argumento de que há riscos de o Brasil "virar uma Venezuela".

Mais tarde, Bolsonaro disse que tomou aquela atitude porque não poderia ficar "esperando" de braços cruzados uma decisão do Supremo.

"Parte da responsabilidade disso tudo também é dele. É do Supremo. Tem de jogar no mesmo time", afirmou. No mês passado, a Corte decidiu que Estados e municípios têm autonomia para decretar quarentena, como forma de enfrentar o coronavírus. O parecer contrariou Bolsonaro, que defende a "flexibilização" do isolamento social.

A decisão de Bolsonaro de "marchar" até o STF, após se reunir com vários empresários do setor produtivo, no Palácio do Planalto, foi interpretada na própria Corte como um gesto de marketing. Na prática, o presidente quis fazer chegar ao Judiciário a pressão que vem sofrendo para "reabrir o País", depois de ouvir ontem que a indústria está "destroçada".

Apesar da pressão, o presidente teve de ouvir de Toffoli recados sobre governança. O presidente do STF propôs um "comitê de crise" para acompanhar os desdobramentos da pandemia. Foi uma crítica à falta de política centralizada por parte do governo. Toffoli também defendeu uma saída do isolamento de "maneira coordenada com Estados e municípios" e lembrou que a Constituição garante competências específicas para os entes da federação.

A mensagem do ministro foi interpretada por auxiliares como um "puxão de orelha" em Bolsonaro, que está em um cabo de guerra com prefeitos e governadores para a reabertura do comércio. Toffoli ainda observou que as medidas de combate ao novo coronavírus devem ser tomadas a partir de "critérios científicos".

Com informações portal O Povo Online


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