Termina
hoje um dos prazos mais importantes do calendário eleitoral. É a data limite
para quem quiser transferir domicílio eleitoral ou se filiar a partido
político. Também é o prazo para secretários municipais ou estaduais que queiram
ser candidatos a vereador deixarem o cargo. Costuma ser período de
efervescência, reviravoltas e surpresas. A movimentação ocorre virtualmente e nos
bastidores. Mas, a quarentena atrapalha e ofusca esses movimentos. A rigor,
ninguém sabe se daqui a seis meses haverá mesmo votação.
Mais
complicado não é ter votação em 4 de outubro, em que pese o álcool em gel antes
e depois de digitar na urna, as filas etc. Mas, a campanha nos 45 dias
anteriores, como é que faz? Como faz campanha para vereador dizendo aos
candidatos que não vão sair apertando a mão dos eleitores? É uma eleição
municipal, aquela na qual o contato direto é maior. No Interior, nos municípios
pequenos, a campanha é isso mais que qualquer outra coisa.
O
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai por ora mantendo os prazos. E tem razão
para isso: falta marco jurídico para adiar as eleições. Os prazos e o
calendário são previstos em lei. Então, muda-se a lei, certo? Tem outro
problema. A lei também prevê que qualquer mudança no rito precisa ocorrer até
um ano antes da eleição. A data já passou desde outubro de 2019. A chamada
anualidade é importante para prevenir casuísmos, manobras e mudança de regras
com o jogo em andamento para favorecer ou prejudicar algum candidato.
Porém,
a pandemia se impõe. Muda realidades no mundo todo, mexe com as estruturas pelo
planeta. Não vai ser a política brasileira que pode imaginar que seguirá seu
rumo normalmente. O caminho seria uma mudança constitucional. A formalidade, a
rigor, é o de menos. Por ora, o TSE vai mantendo a toada enquanto se aproxima o
período de tomar as decisões. Em julho é o início das convenções. Em agosto
começa a campanha. Antes disso a decisão será tomada. O TSE aguarda as coisas
clarearem para tomar a decisão.
O
adiamento é provável, mas não é simples. Quando seriam as eleições? Adiar por
um mês resolve? Se não resolver, a votação entrará por Natal e Ano Novo. Se
adiar um pouco mais, pegará o Carnaval. Se for em março, a campanha eleitoral
atravessará o período carnavalesco. Já pensou essa mistura, que beleza seria? Para
não haver, a eleição teria de ser entre abril e maio. Daqui a um ano. Como a
posse não é imediata, estamos falando de coisa de seis meses a mais de mandato
para os atuais prefeitos e vereadores. Não que eles se importem desse
sacrifício, por certo.
O
fato é que a equação não é simples. Aliás, nada é simples. Manter eleição em
outubro, com a pandemia, é bem complicado. A França chegou a realizar primeiro
turno das eleições locais e, com o agravamento, adiou o segundo turno para sabe
Deus quando. Adiar a eleição também não é simples. Mas, convenhamos, acomodar
tudo isso, a essa altura, é o de menos.
Os
dias dos mil mortos
Dez
de dezembro de 1878 é uma data trágica na história de Fortaleza como nenhuma
outra. Naquele dia foram sepultados 1.004 cadáveres de vítimas da epidemia de
varíola que assolou o Ceará, no meio da mais terrível seca que o Estado já
enfrentou.
Na
quinta-feira, a Universidade Johns Hopkins computou 1.169 mortes por Covid-19
nos Estados Unidos. Foi o País a registrar mais mortos em um único dia pelo
novo coronavírus.
Superar
a marca dos mil mortos tem uma carga simbólica terrível para qualquer pessoa.
Para uma cidade que já viveu esse drama ainda mais. A tragédia que representou
aquela epidemia de varíola é algo que não conseguimos nem dimensionar hoje em
dia. Pois, o coronavírus é algo terrível e assola o mundo. Imagina o que era
Fortaleza, com população na casa dos 50 mil habitantes, ter mil mortos em um
dia. Na época havia muito preconceito, muita desinformação, medo de vacinas. As
epidemias fazem muitas vítimas, mais ainda quando se somam à ignorância.
Com
informações portal O Povo Online
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