Ao
longo da tarde de ontem (23/04) os principais canais de comunicação do Brasil
noticiaram que ministro da Justiça, Sergio Moro, falou ao presidente Jair
Bolsonaro, “que sai do governo se ocorrer a troca de comando da Polícia Federal”.
Foi
noticiado igualmente que Bolsonaro anunciou ao ministro que o atual
diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, deve ser demitido para dar lugar a um
nome que tenha maior proximidade com o Planalto, o que em teses configuraria um
ato extremo de desautorização, que ocorreria para proteger aliados atualmente
na mira da corporação.
Quase
todos os canais informaram que o ministro Moro teria dito que se “Valeixo sair,
ele também sai”.
A
intenção de fazer a troca ocorre em meio ao andamento de um inquérito, aberto
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do Procurador-geral da República,
Augusto Aras, que mira deputados bolsonaristas. Eles são suspeitos de atuar
para financiar e incentivar manifestações contra o Supremo e o Congresso.
Foi
amplamente noticiado que o motivo da irritação de Bolsonaro com Valeixo, porém,
teria relação com investigações que podem comprometer sua família. Segundo
apuração do Blog do Vicente, do Correio, a equipe que investiga as fake news
contra o Supremo Tribunal Federal (STF) encontrou evidências contra o Gabinete
do Ódio, comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro, o filho 02 do presidente.
As
tentativas de trocar o diretor-geral da PF vêm desde o ano passado e encontram
resistência não só de Moro, mas também de delegados e agentes. É consenso que,
se concretizadas, enfraquecerão o ministro da Justiça. Dentro da corporação, a
notícia da troca foi recebida como uma bomba por agentes e delegados.
A
Presidência não havia se manifestado sobre o caso até a última atualização
desta matéria. Já a assessoria do Ministério da Justiça disse apenas que a
saída de Moro "não está confirmada".
O
presidente Bolsonaro não tratou do assunto na sua tradicional transmissão de quinta-feira,
nem tão pouco o ministro Moro se pronunciou sobre as notícias veiculadas.
O
Correio Brazilienze traçou uma linha do tempo dos principais atritos de
Bolsonaro com Moro, confira:
Fevereiro/2019
O
ministro da Justiça, Sérgio Moro, nomeou a cientista política Ilona Szabó para
o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), mas acabou
voltando atrás após críticas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Em
nota, o ministério anunciou que estava revogando diante da repercussão negativa
em alguns segmentos.
Agosto/2019
Bolsonaro
anunciou a troca do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro,
alegando questões de produtividade. Em nota, a instituição, que é subordinada a
Moro, negou problema de desempenho e disse que a troca já estava sendo
planejada. Na ocasião, sob as afirmações que estaria interferindo, Bolsonaro
disse que é ele quem indica, e não Moro. Na época, já se falava sobre a
intenção de trocar o diretor-geral, Maurício Valeixo.
Agosto/2019
Depois
de ter perdido o Coaf, em maio, quando saiu do Ministério da Justiça e foi para
a pasta da Economia, Moro encarou mais uma derrota. Na ocasião, Bolsonaro
assinou uma medida provisória (MP) que transferiu o órgão para o Banco Central.
Dezembro/2019
Bolsonaro
sancionou o pacote anticrime e manteve o trecho referente à criação do juiz das
garantias (que existiria somente para supervisionar a fase de investigações),
algo que já havia sido criticado por Moro reiteradas vezes. Ele mesmo afirmou
que defendeu o veto ao trecho. O ministro não foi atendido, mas depois o STF suspendeu
a medida.
Janeiro/2020
O
presidente falou em recriar o Ministério da Segurança Pública, que foi unido ao
Ministério da Justiça no início do governo e entregue a Moro. Falar em
desmembrá-la foi uma sinalização de esvaziamento do ministro. Diante da controvérsia
e da crise criada, a ideia não vingou.
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