Se
tornou comum pós vitória do ex-capitão do exército, Jair Bolsonaro (sem
partido), a utilização do lema “Globo Lixo” entre eleitores/as, simpatizantes e
defensores/as do presidente.
A
bem da verdade, a expressão trazida aqui não é uma novidade. Ela já foi
utilizada várias e várias vezes por manifestantes nas ruas durante a cobertura
deplorável dessa emissora no processo que culminaria com o impeachment de Dilma
Rousseff (PT) da presidência da república e, se se puxar pela memória, muito
antes disso.
Ainda
em que pese a emissora - aquela que atinge em cheio a maiores dos lares
brasileiros e que tem a maior audiência dentre os canais de televisão -, fez
uma cobertura em peso nos seus principais telejornais (Hora 1, Bom dia Brasil,
Jornal Hoje, Brasil TV, Jorna Nacional e Jornal da Globo) dos “escândalos de
corrupção” do PT e do Lula, mas que até hoje o principal representante do
partido que foi preso e solto clama para que sejam apresentadas provas
consistentes contra ele.
Quem
não se lembra de assuntos massificados como “o tríplex do Guarujá”; “da
condução coercitiva de Lula” (que atestou a confissão de medo de seus
principais adversários, inclusive do que hoje ocupa o planalto); “da sua
condenação injusta” (pois até agora não foi apresentada provas cabais e
irrefutáveis); “do envolvimento de Sérgio Moro no processo” (atuando mais como
informante das mídias – representada pela Globo) do que propriamente como um
“juiz”. Quem não se lembra? Eu lembro muito bem, afinal nesse período eu
viajava para Araripe e entre a primeira e a última aula ministrada acompanhava
noticiários da Globo no Hotel desta cidade onde ficava hospedado.
Foi
essa mesma Globo que não usou de seu poder para noticiar de forma massificada
(na grande maioria das vezes nem noticiava) o caso da “privataria tucana”; o
“escândalo da merenda escolar” durante o governo Alclmin (PSDB) que ficou
conhecida como “máfia da merenda”; "do tucano Aécio Neves e o caso
helicóptero 450kg de cocaína” ou ainda das inúmeras vezes em que essa mesma
Globo não deu a mesma importância aos casos que demonstram desprezo, aversão do
Bolsonaro a grupos que são maioria, porém minorias nos espaços de poder
(mulheres, negros, indígenas e LGBTs)?
Onde
estavam esses/as fieis defensores/as da política do ódio alimentada por
Bolsonaro diante desses casos citados acima? Onde estão esses/as mesmas pessoas
que não se levantam diante de uma programação que não leva em consideração a
diversidade brasileira e que ajuda a reforçar uma política de extermínio do
povo negro e indígena, essa mesma política que foi peça propagandística a vida
política inteira de Bolsonaro?
Tive
que sair de diversos grupos em redes sociais, como no Facebook e no WhatsApp em
virtude da ausência de debates e do aumento desenfreado de ódio praticado por
robôs virtuais e que infelizmente são reproduzidos por pessoas próximas a mim.
Foi
alvo recentemente de ataques, ofensas e ameaças virtuais via WhatsApp por
pessoas que jamais tive contato e sequer as conheço. O fato ocorreu horas
depois de um texto que escrevi com o título “Sempre é hora de pedir o Fora
Bolsonaro” no último dia 29 de março neste Blog.
Essa
galera tem também em Altaneira e ocupa uma pequena parte da juventude. Vimos
isso no processo eleitoral de 2018. Assim como também tem entre representantes
políticos. São pessoas que antes se propunha a discutir, mas hoje assumiram uma
postura dos robôs, se ausentam de qualquer discussão que precise usar
argumentos mais aprofundados e aparecem logo com respostas prontas e acabadas –
“E o Lula”, "O PT acabou com o Brasil”, “Bolsonaro Presidente”, “Mito”,
“Bolsonaro 2022” e agora “Globo Lixo”.
Para
se ter uma dimensão do que falo/escrevo, Bolsonaro obteve em Altaneira 6,05% do
votos no primeiro turno - onde ficou em terceiro lugar -, perdendo apenas para
Haddad (58,55% dos votos) e Ciro Gomes (33,27%). Na disputa apenas com Haddad
no segundo turno, Bolsonaro aumentou mais 3% (435 votos contra 267 que teve no
1º turno)s, o que significa que parte dos/as eleitores/as do Ciro Gomes foi
para ele, o que em tese é injustificável diante do posicionamento do Ciro no
primeiro turno, mas entendível no segundo.
Sai
dos grupos para manter a minha saúde mental. Em outros optei por permanecer em
respeito aos administradores, as administradoras e parte dos/as membros/as.
Por
fim, reafirmo o que disse em outras oportunidades. É chegada a hora de se
manter firme, manter a postura e continuar sempre com base científicas, na
realidade desigual, racista, machista, homofóbica e com resquícios ditatoriais,
a disputar narrativas e propor soluções para os principais problemas do país,
do Estado e do município.
Publicado
originalmente no Blog Negro Nicolau
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