A hidroxicloroquina não é uma cura para o coronavírus. Se assim fosse, o mundo
não estaria trancafiado em casa. Se tivesse uma cura bem ali do lado, dando
sopa, Donald Trump não estaria saqueando navios de respiradores e máscaras após
seu país - o mais rico do mundo - bater a marca de duas mil mortes diárias.
O
medicamento é sim, no entanto, uma alternativa no tratamento da doença.
Administrada no ambiente hospitalar e sob supervisão médica, há evidências de
que já salvou e ainda salvará muitas vidas. É, portanto, uma aliada importante.
Dipirona e paracetamol, em menor grau, também são.
A
cloroquina, no entanto, com possíveis efeitos colaterais nocivos e que é
extremamente necessário para pessoas com malária, artrite reumatoide e outras
doenças. Quem diz essas coisas não sou eu, mas técnicos do alto escalão do
Ministério da Saúde.
No
final das contas, o recente acirramento em torno do uso ou não do remédio é só
mais um episódio do permanente fla-flu ideológico que tomou o País há anos.
Conseguimos a proeza de, em meio a uma pandemia que arrasa economias e sistemas
de saúde no mundo todo, criar o conceito do tratamento médico "de
direita". A cloroquina é importante, mas não é cura milagrosa.
Mais
do que nunca, a hora é de abandonar acirramentos políticos e seguir os
especialistas. Não se automedique. Não deixe de lavas as mãos ou evitar
aglomerações confiando em qualquer remédio, muito menos sem eficácia
comprovada. Provavelmente, no entanto, o embate está longe de acabar.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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