A Covid-19
é uma doença nova e muita coisa sobre ela ainda não se sabe. Estudos seguem em
curso e prosseguirão por muitos anos. O comportamento que terá no Brasil, com
as condições sociais e climáticas, ainda é incerto. O agora ex-ministro Luiz
Henrique Mandetta repetia que o vírus estava escrevendo a história dele no
Brasil.
Muitas projeções são feitas, cenários são traçados por técnicos extremamente
qualificados. Tentativas de se antecipar e amenizar os impactos. Mas, a verdade
é que ninguém sabe o que irá acontecer. Muito grave ela já é. Quão grave poderá
ser é impossível ter certeza.
O
presidente Jair Bolsonaro tomou uma das decisões mais arriscadas nesta pandemia
entre os grandes países do mundo. Trocou aquele que estava conduzindo o combate
ao novo coronavírus no momento em que o número de casos dispara. Bolsonaro não
tinha certeza. E é justo com ele dizer que é impossível ter certeza neste
momento.
A consciência da dúvida é um bom sinal. Porque muitas vezes as pessoas
estão convictas - e erram convencidas de que estavam certas. Mas, consciente de
que pode estar errado, ele tomou uma decisão que pode ser muito custosa.
A
expressão de nervosismo no dia do anúncio da troca de ministro deixou explícito
que Bolsonaro não tinha convicção. Suas palavras também mostraram isso.
"Pior que uma decisão mal tomada é a indecisão. Jamais pecarei por
omissão. Essa será minha linha de atuação", falou na quinta-feira. A frase
é de quem tem ciência de que pode estar errado. A lógica é estranha. Parece-me,
sim, preferível hesitar a entrar de cabeça no equívoco.
Ontem,
o presidente foi mais longe e mais explícito quanto à consciência do possível
equívoco. "Abrir o comércio é um risco que eu corro. Se agravar, vai cair
no meu colo".
Bolsonaro
está repleto de dúvidas quanto ao caminho que escolhe. Qualquer caminho
embutiria interrogações. Nenhum daria certeza. Mas, se você tivesse de fazer
uma escolha tão extrema, não qual milhares de vidas estão envolvidas, o que
você faria? Se tivesse pela frente um caminho em grande parte desconhecido,
repleto de interrogações, você decidiria pela cautela ou pelo perigo? Seguiria
o que dizem os especialistas ou tentaria inovar? Você faria a opção que poderá
representar a morte de mais pessoas?
Porque
não é verdade quando Bolsonaro afirma que é um risco que ele corre. O perigo
não é para ele. Ele está colocando em jogo a popularidade, que já não anda
esses balaios. No máximo arrisca o mandato. Mas, ele está adotando um caminho
cuja ameaça será para a população brasileira. Ela que pode pagar a fatura mais
pesada. O presidente corre risco com a vida alheia.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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