Na
comparação com outros períodos históricos, há hoje vantagens e desvantagens no
enfrentamento ao coronavírus. A hiperconexão, a facilidade no fluxo de pessoas,
é um desafio e o fator de disseminação da doença. A tecnologia biomédica é uma
vantagem. A possibilidade de compartilhar informações é uma vantagem. A
desvantagem é que a mentira e a desinformação se espalham mais ligeiro ainda. E
a desvantagem talvez mais perigosa está no contexto político.
Alguns
dos líderes políticos mais poderosos do Ocidente na atualidade são pessoas que
demonstram seguidamente desprezo pelo conhecimento científico. Cortam recursos
da ciência e defendem que suas opiniões, ou estudos isolados de gente
excêntrica, pode se sobrepor a consensos da comunidade acadêmica. Cortam
recursos de pesquisas, desrespeitam quem dedica a vida a estudar os temas.
Quando
a questão se restringe a negar as mudanças climáticas e dizer que a Terra é
plana, está-se no âmbito do anedótico no último caso e, no primeiro, do
interesse econômico em prol de um modelo de crescimento.
No
meio de uma pandemia, porém, é a vida das pessoas, no curtíssimo prazo, que
está em jogo. Personagens como Donald Trump nos Estados Unidos, Boris Johnson
no Reino Unido e Jair Bolsonaro nestas paragens fizeram diversas declarações,
gestos e omissões que vão contra aquilo que os especialistas apregoam acerca do
coronavírus.
A
ignorância é uma arma política poderosa desde tempos imemoriais. Personagens
políticos ascendem com o discurso de que qualquer um pode ter opinião que se
sobreponha a qualquer coisa. Séculos de avanços científicos podem ser
contrapostos com um "eu não concordo", "eu tenho outra
opinião". Isso é instrumento para obter votos e arregimentar seguidores.
A
ciência precisa ser valorizada, precisa ser ouvida, precisa dar o norte em
momentos como esse. Precisa de ainda mais investimentos para estudos
emergenciais. É a hora do conhecimento, de ouvir quem se aprofundou no tema
para além de ver memes, correntes de WhatsApp e vídeos no Youtube. A ciência e
os especialistas são a voz de comando.
A
humanidade talvez nunca tenha atravessado uma crise global dessas proporções
tão conectada. Portanto, com tantas possibilidades de compartilhar angústias,
medos. Também, de compartilhar fake news, disseminar pânico e desinformação.
Assim como é possível espalhar informações, alternativas para lidar com o
momento possível. E difundir esperança.
Por
onde o coronavírus chega
e onde pode chegar
O
coronavírus chega ao Brasil por meio das classes média e alta. Os primeiros
casos foram de gente que esteve no Exterior, que teve contato com quem lá
esteve. Comitiva de políticos na Flórida, casamento repleto de celebridades
foram focos de disseminação.
Mas,
eles convivem com pobres, nem que apenas com seus empregados, faxineiros etc. A
chegada do coronavírus às periferias, onde a vida comunitária é muito mais
intensa, é um perigo cujas consequências são difíceis de dimensionar.
A
proliferação de casos nos ônibus pode levar os casos a patamar ainda
desconhecido por aqui.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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