Governador Camilo Santana em entrevista coletiva no Palácio da Abolição sobre o fim do motim dos policiais militares (Foto: Francisco Fontenele) |
Um
dia após o fim da paralisação de policiais militares, o governador Camilo
Santana (PT) criticou o que considera como influência política dentro da PM
durante os atos dos manifestantes. "Um debate que precisa ser aprofundado
é o da partidarização da polícia, mistura de política partidária com
polícia", disse ontem em entrevista no Palácio da Abolição.
Como
exemplo dessa interferência, o governador ressaltou que "todas as
lideranças desse movimento têm mandato, são filiados a partidos", citando
indiretamente o deputado estadual Soldado Noelio e o federal Capitão Wagner,
ambos do Pros, além do vereador Sargento Reginauro (sem partido) - os três são
ligados aos policiais.
Para
Camilo, essa contaminação é grave. "É um debate que precisa ser feito a
nível federal porque não ocorre apenas no Ceará. Espero que, a partir daí,
Congresso, Supremo e estados brasileiros possam tomar decisões para garantir
que a polícia cumpra o seu papel constitucional", acrescentou.
Ontem,
representantes dos PMs e a comissão que negociava o fim do motim assinaram um
acordo que encerrou o movimento depois de 13 dias. O termo foi chancelado em
evento na sede do Ministério Público do Estado (MP-CE), com presença de
autoridades do Estado.
O
texto aprovado não prevê anistia entre as cláusulas, mas a aplicação do
processo legal, com acompanhamento de um grupo externo formado por integrantes
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Defensoria Pública e MP-CE.
Sobre
a avaliação que fazia da paralisação dos policiais, Camilo disse que o episódio
"foi lamentável e inaceitável", mas que "todos se apresentaram
hoje (ontem) pela manhã nos seus quartéis".
Segundo
o governador, "o momento é de retomar os trabalhos e garantir a
normalidade no combate à violência". O petista estimou que o Exército,
cuja presença foi requisitada ao Governo Federal e autorizada pelo presidente
Jair Bolsonaro, permanece no Ceará até a próxima sexta-feira, 6.
"É
importante que o Exército permaneça por esses dias no Estado, até para
restabelecer a normalidade. Muitos equipamentos estão sendo recuperados."
Resolvido
o impasse com os policiais, que iniciaram a paralisação em protesto contra os
percentuais de reajuste salarial presentes em projeto que tramita na Assembleia
Legislativa (AL-CE), o chefe do Executivo antecipou que irá agora fazer uma
ampla avaliação do impacto do motim.
"Vou
reunir os meus secretários, os comandos, para que a gente possa avaliar o fato
ocorrido no Ceará e tomar as medidas necessárias", respondeu. "O
Estado tem sido uma referência nessa área. Precisamos restabelecer foco,
estratégia, metas, para o restante do ano."
Procurado
por O POVO, Sargento Reginauro rebateu fala de Camilo. "Eu não consigo
entender a insistência do governador em querer classificar o movimento como
político", disse. "É mais uma forma de mirar todas as armas contra Capitão
Wagner do que qualquer outra coisa."
Com
informações portal O Povo Online
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