7 de março de 2020

"Governo viraliza ódio e afasta investidores", afirma Maia


A uma semana das manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), subiu o tom das críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Ao participar de um debate em São Paulo, ontem, Maia disse que o entorno do governo tem uma estrutura para "viralizar o ódio" por meio de fake news e que Bolsonaro afasta investidores ao gerar incertezas sobre seus compromissos com a democracia e o meio ambiente.

"Não temos os recursos e a estrutura que o entorno do governo tem para viralizar tantas fake news como tem sido feito nas últimas semanas", afirmou o deputado do DEM, durante palestra sobre a agenda parlamentar em 2020 no Instituto Fernando Henrique Cardoso.

Maia afirmou que "vivemos uma contestação das democracias liberais" e que a tecnologia virou um campo de ataque às pessoas. "Nada disso custa pouco. Um robô custa 12 dólares por mês". Em dezembro, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), antiga apoiadora de Bolsonaro, afirmou à CPMI das Fake News, que um dos mais ativos grupos de propagadores de notícias falsas e ataques pessoais é o chamado "gabinete do ódio", integrado por assessores da Presidência.

Dois dias após o anúncio do resultado do PIB do ano passado, que frustrou economistas, o presidente da Câmara afirmou que a omissão do governo pode levar ao "estancamento de reformas". "O governo prometeu muito, mas não entregou. Tinha uma previsão de crescimento de 2,5% e cresceu 1.1%". O parlamentar criticou, ainda, a demora no envio das propostas do Executivo para as reformas tributária e administrativa. Segundo ele, a reforma da Previdência "foi abandonada pela equipe do governo".

Enquanto comentava a economia, Maia lembrou um encontro recente com empresários europeus. Afirmou que investidores de outros países lhe disseram que deixaram de colocar dinheiro no Brasil por causa do presidente Bolsonaro. "O governo gera uma insegurança grande para sociedade e para os investidores. As pessoas estão deixando de investir pela questão do meio ambiente e pela questão democrática."

Sentado ao lado Maia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também criticou o governo. "Quando o presidente não exerce o poder, outras forças exercem. Quando a liderança não exerce o papel de agregação, as coisas não andam", afirmou o tucano. Ao fim de seu comentário, FHC teceu elogios ao presidente da Câmara. "Graças a Deus temos lideranças no Congresso. A principal delas está aqui ao meu lado".

Apesar disso, Maia afirmou que o Congresso não quer ter "um milímetro do que é responsabilidade do Executivo". "Cria-se conflitos onde não existe em um País com 11 milhões de desempregados. Não podemos discutir uma coisa criada para viralizar o ódio, que é essa questão de parlamentarismo branco", disse.

Com informações portal O Povo Online


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