Após
reunião na tarde de ontem (27/03), governadores do Nordeste divulgaram carta na
qual manifestam "profunda indignação" com o presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) por apoiar ações contra o isolamento social, principal medida até
agora no combate ao novo coronavírus.
"Manifestamos
nossa profunda indignação com a postura do Governo Federal, que contraria a
orientação de entidades de reconhecida respeitabilidade, como a OMS",
assinam os chefes de Executivo.
Para
eles, as recomendações da Organização Mundial da Saúde "indicam o
isolamento social como melhor forma de conter o avanço" da doença. O
presidente, continuam os gestores, "promove campanha de comunicação no
sentido contrário, estimulando, inclusive, carreatas por todo o país contra a
quarentena. Este tipo de iniciativa representa um verdadeiro atentado à
vida".
O
documento foi divulgado ao fim do encontro, realizado por videoconferência. É a
terceira reunião de governadores apenas nesta semana. Na carta, eles também
reafirmam medidas já tomadas até agora contra a covid-19 e garantem que,
"com bom senso e equilíbrio", irão permanecer "orientados pela
ciência e pela experiência mundial, para nortear todas as medidas, diariamente
avaliadas, nesta guerra travada contra o coronavírus".
A
estratégia do Planalto vai na contramão do esforço mundial para o combate à
propagação da doença e mantém o Governo Federal em embate permanente com
governadores. Ontem, Bolsonaro voltou a pedir o fim do isolamento social como
método para conter o avanço do novo coronavírus, repetiu críticas a
governadores e afirmou que "infelizmente" alguns brasileiros irão
morrer ao contrair a doença.
"Infelizmente
algumas mortes terão, paciência, acontece, e vamos tocar o barco. As
consequências, depois dessas medidas equivocadas, vão ser muito mais danosas do
que o próprio vírus", disse o presidente em entrevista ao apresentador
José Luiz Datena durante programa Brasil Urgente, da Band.
Na
terça-feira, 24, Bolsonaro fez pronunciamento em rede nacional de rádio e TV
pregando a reabertura de escolas e do comércio. Na quinta, 26, o Planalto
lançou campanha publicitária chamada "O Brasil não pode parar" para
defender a flexibilização do isolamento social.
"Tá
errado esse método do confinamento, mas os governadores têm liberdade para
fazer isso aí. Tá faltando bom senso por parte de algumas autoridades do
Executivo estaduais e municipais", afirmou.
A
carta dos gestores do Nordeste não foi a única ação contra as atitudes e a
postura de Bolsonaro. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez
discurso repleto de críticas a Bolsonaro em resposta à campanha em defesa da
retomada das atividades comerciais do País. "O Brasil precisa discutir
quem será o fiador das mortes no Brasil", disse Doria durante vistoria das
obras do hospital de campanha que está sendo construído no Estádio do Pacaembu.
Na
madrugada de ontem, Doria registrou um boletim de ocorrência após receber
telefonema com ameaças de morte, segundo informou o Palácio dos Bandeirantes. A
segurança do governador foi reforçada e a Polícia Civil apura a origem da
ameaça. O governador paulista acusou o chamado "gabinete do ódio",
grupo de assessores que trabalha no Palácio do Planalto, de orquestrar a série
de ameaças que disse ter recebido na noite anteontem.
Nota
Nota
conjunta assinada por CNBB, OAB, Academia Brasileira de Ciências (ABC) e outras
entidades pede para a população ficar em casa, "respeitando recomendações
da ciência, dos profissionais de saúde e da experiência internacional."
Com
informações portal O Povo Online
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