Bolsonaro disse que estava de máscara porque dois ministros testaram positivo para coronavírus (Foto: Marcos Correa) |
Depois
de classificar a pandemia de coronavírus de “fantasia” e reiterar que estava
havendo um superdimensionamento da doença no Brasil (provocado pela mídia,
segundo acusou), o presidente Jair Bolsonaro surgiu de máscara na coletiva de
imprensa que deu ontem (18/03), no Palácio do Planalto, acompanhado
de oito ministros. Entretanto, no decorrer do ato, convocado para comentar
sobre as ações contra a Covid-19, o chefe do Executivo e demais integrantes da
mesa tiraram o equipamento de proteção recorrentemente.
A
atitude de Bolsonaro e ministros contraria orientações do Ministério da Saúde,
segundo o qual, o uso da máscara é recomendado apenas por pessoas com sintomas
do coronavírus e profissionais da saúde em atendimento. Porém, o próprio
titular da pasta, Luiz Henrique Mandetta, estava de máscara na coletiva. Além
disso, todos eles tiraram o equipamento de proteção recorrentemente ao longo da
coletiva.
“Estamos
usando máscaras porque, além do general Heleno (ministro do Gabinete de
Segurança Institucional), que teve contato com alguns aqui, também tivemos
positivo o teste do ministro de Minas e Energia, o almirante Bento
(Albuquerque). Então, obviamente nosso cuidado deve ser redobrado”, informou
Bolsonaro. Os dois ministros anunciaram, ontem, que testaram positivo para o
coronavírus.
Bolsonaro
reconheceu que, “evidentemente, o cuidado nosso tem que ser redobrado”. No
entanto, voltou a frisar que não há motivo para histeria. “Minha obrigação como
chefe de Estado é me antecipar a problemas, levar a verdade à população, mas
que essa verdade não ultrapasse o limite do pânico. Passaremos por isso. Já
tivemos problemas mais graves no passado, que não teve essa comoção toda, ou repercussão
por parte da mídia brasileira”, afirmou.
De
acordo com ele, o momento é de união, reflexão e buscar soluções. “A verdade
está aí. É uma questão grave, mas não podemos entrar no campo da histeria. Esse
é meu pensamento e minha função como chefe de Estado é levar paz e
tranquilidade a todos. Sem deixar de se preocupar com as consequências do que
está se aproximando”, frisou. “É grave, é preocupante, mas não chega ao campo
da histeria e comoção nacional.”
Manifestações
Questionado
se, após os exames positivos para o coronavírus entre ministros, teria errado
ao deixar o Planalto, no domingo, para falar e cumprimentar manifestantes que
protestaram contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, o presidente
argumentou que seu teste havia dado negativo. Porém, a informação de que ele
estaria, de fato, livre do vírus só foi divulgada na noite de terça-feira.
“Quando
fui no domingo aqui à rampa desse prédio (Palácio do Planalto), eu não estava
infectado. Já tinha parecer dando como negativo. Eu, como chefe do Executivo,
tenho de estar na frente, com meu povo”, se defendeu. Os manifestantes foram às
ruas, no domingo passado, protestar contra o Congresso e o Supremo Tribunal
Federal (STF).
Ele
acrescentou que estava “sabendo dos riscos que corria” e disse que a grande
parte da mídia “potencializou” a atitude dele. “Como se fosse o único (ato) e
tivesse sido programado por mim. Não convoquei ninguém. Não existe nenhum áudio
nem uma imagem minha convocando para o dia 15 de março.” Mas existem áudio e
imagem, sim. No último dia 7, em cerimônia em Roraima, ele incitou a
participação nas manifestações. “Dia 15, agora, tem um movimento de rua
espontâneo. É um movimento espontâneo, e o político que tem medo de movimentos
de rua não serve para ser político. Então, participem. Não é um movimento
contra o Congresso, contra o Judiciário. É um movimento pró-Brasil”, discursou.
Além disso, ele divulgou para apoiadores, por WhatsApp, dois vídeos convocando
para os atos.
Ainda
assim, o presidente insistiu nas contradições. “Agora, com a realidade posta,
com os riscos que parcela da população pode vir a sofrer, nós externamos toda a
nossa preocupação, bem como estamos tendo apoio incondicional por parte da
Câmara e do Senado, de todas as medidas que porventura se façam necessárias
para que esse problema seja atenuado”, afirmou. “Agradeço aos poderes da
República pela compreensão e pelo apoio que têm nos dado para buscar, não
soluções, que no momento ainda não existem, mas para atenuar esse grave
problema que se aproxima.”
Bolsonaro
afirmou que, por parte da economia, o despacho que solicita ao Congresso que
decrete estado de calamidade pública garantirá medidas para a saúde e o emprego
da população.
Com
informações portal Correio Braziliense
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