O
ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, incentivou na tarde de ontem (28/03)
que as pessoas fiquem em casa e que se mantenha a redução da circulação de
pessoas. As falas contrariam o que tem sido dito pelo presidente Jair
Bolsonaro, que prega o chamado “isolamento vertical” - ou seja, mantendo em
casa apenas os idosos e pessoas com doenças crônicas, sob a justificativa de
que a economia não pode parar.
Ao
falar sobre a necessidade de equipar os profissionais da Saúde, Mandetta
explicou sobre as dificuldades de compra, uma vez que a China, por exemplo, não
estava vendendo os equipamentos de proteção individual (EPIs) produzidos por
lá.
"Mais
uma razão para a gente ficar em casa, parado, até que a gente consiga colocar
os equipamentos nas mãos dos profissionais que precisam. Porque se a gente sair
andamento, todo mundo de uma vez, vai faltar para o rico, para o pobre, para o
dono da empresa", disse.
Ele
explicou que a redução do número de pessoas nas ruas, reduz chances, por
exemplo, de acidentes de trânsito, responsável por um número grande de traumas.
Isso, segundo ele, faz com que mais leitos fiquem desocupados e disponíveis
para atender pacientes com Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O
ministro diz ter informações de que há lugares com queda de até 50% da taxa de
ocupação, o que abre espaço para atendimento de infectados pelo vírus.
"Mais
uma razão para a gente diminuir bastante a atividade de circulação de pessoas,
no intuito de diminuir o trauma, que é um efeito também secundário, além de
diminuir a transmissão", disse.
Mandetta
afirmou que “não existe quarentena vertical ou horizontal”, e que o “lockdown”
(uma quarentena total, com fechamento de tudo), pode vir a ser necessário em
algum momento, em algumas cidades. “O que não existe é o fechamento de todo o
território nacional, ao mesmo tempo e de forma desarticulada. Isso é um
desastre que vai causar muito problema para nós da Saúde”, disse.
Conforme
o ministro, serão elaborados alguns critérios para medidas de restrição - mas
frisou que será algo construído entre União, estados e municípios. Atualmente,
cada Estado tem implementado medidas restritivas, fato que causou desavenças
entre o presidente da República e governadores, já que o primeiro defende que
as atividades econômicas funcionem normalmente. “Vamos medir todos os dias (os
efeitos das regras). Onde a gente ver que pode estar perdendo a guerra, a gente
aperta. Onde a gente ver que apertou demais, a gente solta", disse.
O
ministro criticou, ainda, aqueles que minimizam o problema, frisando que o
coronavírus não se trata de um problema local. "Aqueles que pensarem
localmente e não tiverem cabeça e visão para verem o mundo, vão ter muita
dificuldade de passar por tudo que a gente vai ter que passar. E eu rezo para
que aqueles que falam que não vai ser nada, que vai ser só uma... uma
pequena... um pequeno estresse, que isso passa logo e acaba, eu rezo todo dia
para que estejam corretos nas suas avaliações", disse. Nos últimos dias,
Bolsonaro chamou o coronavírus, mais de uma vez, de "gripezinha" e
"resfriadinho".
Mandetta
ainda fez referência às carreatas que aconteceram nos últimos dias com pessoas
pedindo que seja reautorizada a abertura de comércios e outros espaços nos
lugares onde gestores estaduais decretaram o fechamento. "Daqui três
semanas, os mesmos que falam 'vamos fazer carreata de apoio', vão ser os mesmos
que vão estar em casa. Não é hora", disse.
O
ministro explicou ainda que é importante deixar crianças e adolescentes sem
frequentar aula, pelo fato de serem assintomáticos, o que pode fazer com que
transmitam para familiares. A afirmação contrapõe falas do presidente em
pronunciamento na última terça-feira (24), quando ele questionou o fechamento
de escolas. “O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das
pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas?”, questionou.
O
presidente tem pregado que não há necessidade de um isolamento massivo sob a
justificativa de que a economia vai parar. Uma campanha publicitária com a
marca do governo federal chegou a ser divulgada por um dos seus filhos, o
senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). A Secretaria de Comunicação do
governo afirmou que o vídeo foi produzido “em caráter experimental” e, depois
que a Justiça Federal proibiu a veiculação, negou a existência da campanha.
Com
informações portal Correio Braziliense
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