A tucana Mara Gabrilli defendeu a derrubada do veto de Bolsonaro (Foto: Roque de Sá) |
O
governo sofreu uma derrota expressiva ontem (11/03) no Congresso.
O parlamento derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro a um projeto de lei
de autoria do Senado que estabelecia novos limites de renda para acesso ao
Benefício de Prestação Continuada (BPC). Conforme o texto, a renda per capita
familiar para receber o BPC subirá de um quarto de salário mínimo (R$ 261,25)
para meio salário (R$ 522,50).
A
alteração nas regras do BPC vai impactar os cofres públicos. A estimativa do
Ministério da Economia é de que a mudança aumente as despesas do Executivo em
R$ 20 bilhões por ano. A partir de 2029, os gastos serão ainda maiores, com
previsão orçamentária anual de R$ 23,3 bilhões.
Como
ordena a Constituição, agora caberá a Bolsonaro sancionar o projeto de lei
anteriormente vetado. O presidente discordou da matéria porque, segundo ele, a
mudança violaria a Carta Magna e a Lei de Responsabilidade Fiscal, justamente
porque criaria despesas obrigatórias para o governo sem indicar fonte de
custeio e sem demonstrar os impactos orçamentários. Ontem, na votação em sessão
conjunta, 45 senadores e 302 deputados foram contra a decisão do chefe do
Planalto.
Têm
direito ao benefício, concedido pelo Ministério da Cidadania, pessoas com
deficiência de qualquer idade e idosos a partir de 65 anos que têm impedimentos
de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial e que, por
isso, apresentam dificuldades para a participação e interação plena na
sociedade. O BPC é pago no valor de um salário mínimo (R$ 1.045).
Durante
a votação, Bolsonaro não recebeu muito apoio. No Senado, apenas a liderança do
governo orientou manter o veto. Já na Câmara, a liderança do governo e o bloco
de partidos do Centrão sinalizaram que seguiriam o chefe do Executivo. Ao fim,
somente 14 senadores e 137 deputados votaram pela manutenção do veto.
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), lamentou a decisão dos colegas de
ampliar o BPC. “O impacto é grande. É um momento difícil, em que a economia
brasileira já começa a dar sinais de que não vai crescer o que estava projetado
no início do ano, um dia em que foi decretada pandemia (de coronavírus), com as
bolsas caindo muito, acho que foi uma sinalização equivocada”, criticou.
Líder
do PP, o deputado Arthur Lira (AL) também ficou insatisfeito. Para ele, não
haveria necessidade de modificar as regras, visto que o Congresso vai discutir
uma medida provisória que sugere a concessão de um 13º salário para
beneficiários do Bolsa Família e do próprio BPC. A proposta tem previsão de
impacto de R$ 7 bilhões.
“Essa votação, em um momento em que a Bolsa (de Valores) volta a cair em torno de 10%, nós derrubarmos um veto, são R$ 20 bilhões por ano. Com mais R$ 7 bilhões, são R$ 27 bilhões, quase R$ 30 bilhões que a gente demanda só em um assunto”, alertou.
“Essa votação, em um momento em que a Bolsa (de Valores) volta a cair em torno de 10%, nós derrubarmos um veto, são R$ 20 bilhões por ano. Com mais R$ 7 bilhões, são R$ 27 bilhões, quase R$ 30 bilhões que a gente demanda só em um assunto”, alertou.
Já
a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) aprovou as mudanças. “Na natureza pura dos
números é algo que pode ser negativo, mas, quando olhamos o mérito dessa
questão, estamos falando de deficientes físicos, de mães de crianças com
hidrocefalia e tantos outros problemas”, ressaltou. “O que é que se faz com um
salário mínimo neste país? Nós estamos falando de gente pobre, miserável. Não
podemos dizer não às pessoas que precisam.”
A
senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) reforçou que o projeto vai beneficiar “pessoas
que vivem na miséria”. “Se a gente melhorar a vida dessas pessoas, é a nossa
vida que vai dar um salto de qualidade junto. É tirar uma doença e uma miséria
do Brasil. A gente estaria aquecendo a economia e dando oportunidade para as
famílias”, argumentou.
Com
informações portal Correio Braziliense
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