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11 de março de 2020

Bolsonaro volta a atacar sistema eleitoral brasileiro

Presidente Jair Bolsonaro visita os Estados Unidos (foto: Carolina Antunes)
Reforçando a afirmação de que ganhou as eleições em primeiro turno, e que tem provas de fraudes no sistema de votação, o presidente Jair Bolsonaro desafiou um grupo de jornalistas em Miami, Flórida, nos Estados Unidos. Questionado sobre a afirmação dada na segunda-feira (09/03), Bolsonaro apontou. "Olha, quero que você me ache um brasileiro que confia no sistema eleitoral brasileiro. Espero que você ache um brasileiro que confia no processo eleitoral brasileiro". O chefe do Executivo, no entanto, não deu mais informações sobre o assunto.

Questionado se confiava na Justiça Eleitoral, o presidente se mostrou chateado e aumentou o tom de voz: "Não é na Justiça. Não deturpem minhas palavras, tá ok? Não façam essa baixaria que a imprensa faz sempre comigo. Não é a Justiça." Ao ser perguntado se apresentaria as provas, ele encerrou a entrevista.

Bolsonaro foi eleito em segundo turno, após disputar as eleições com Fernando Haddad (PT). O vencedor obteve 57 milhões de votos, e Haddad, 47 milhões. Na segunda-feira (9/3), em viagem aos Estados Unidos, o presidente afirmou que ganhou as eleições em primeiro turno, e que tem provas de fraudes no sistema de votação.

"Eu acredito pelas provas que tenho nas minhas mãos, que vou mostrar brevemente. Eu fui eleito em primeiro turno, mas no meu entender houve fraude. Tá? Nós temos não apenas uma palavra… Nós temos comprovado, brevemente eu quero mostrar, porque nós precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, passível de manipulação e de fraudes. Então, acredito até aquele dia que eu tive muito mais votos no segundo turno do que se poderia esperar e ficaria bastante complicado uma fraude naquele momento", disse ele, sem apresentar qualquer tipo de documento.

Durante os quatro dias em que esteve em Miami, essa foi a primeira vez que o presidente falou com a imprensa. A entrevista durou menos de dois minutos e ocorreu momentos antes do embarque dele para Jacksonville, onde visitou por cerca de duas horas a fábrica da Embraer. Posteriormente, Bolsonaro embarcou rumo à Brasília. A previsão é de que ele chegue em Boa Vista por volta das 19h e retorne para a capital federal de madrugada.

Polêmica

Em nota, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rebateu as acusações do presidente e afirmou que ao "longo de mais de 20 anos", da utilização do sistema eleitoral, não "foi constatado sequer uma fraude".

Os ministros também se pronunciaram sobre o assunto. A ministra Rosa Weber foi enfática ao afirmar que o TSE não aceitaria qualquer irregularidade no processo eleitoral. "Que fique muito claro: a Justiça Eleitoral não compactua com fraudes. Não compactua com fraudes", disse. "Eu mantenho a minha convicção quanto à absoluta confiabilidade do nosso sistema eletrônico de votação. Agora, se há fatos novos, se há provas, que possam nos ser oferecidas, nós vamos examiná-las com o mais absoluto rigor e com total transparência, justamente no sentido da sua apuração", disse.

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que vivemos "tempos estranhos" e afirmou que não houve críticas credíveis sobre as eleições. "Como eu disse anteriormente: Tempos estranhos. Pelo menos de tédio nós não morremos. Em 1996, capitaneei as eleições. De lá pra cá, não houve impugnação ao sistema minimamente séria. Se persevera a vontade do eleitor", afirmou.

Já o ministro Barroso afirmou que este tipo de acusação precisa de provas para ser apresentada. "Nós nunca tivemos qualquer evidência objetiva de fraude. O sistema é totalmente confiável, respeitado mundialmente. Agora, se alguém trouxer alguma prova, alguma evidência, estou pronto para examinar, a gente tem sempre espaço para aperfeiçoamento. Agora, não pode ser uma coisa retórica, tem que ser uma coisa fundada em elementos objetivamente aferíveis. Não pode ser 'eu acho', é preciso que haja elementos", concluiu.

Com informações portal Correio Braziliense

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