Quando
se trata da crise do coronavírus, em quem você acredita? No presidente da
República, Jair Bolsonaro; no vice, Hamilton Mourão, ou no ministro da Saúde,
Henrique Mandetta?
Bolsonaro
vem atacando com violência o distanciamento e o isolamento social, recomendado
por médicos e cientistas de todo o mundo, como forma de contenção da Covid-19.
Mourão diz que "a posição do governo é uma só: o isolamento social",
afirmando que o presidente "não se expressou bem" ao condená-la.
Mandetta age como se estivesse desviando dos tiros, porradas e bombas lançadas
pelo presidente, tentando conciliar as declarações estapafúrdias de seu chefe
às medidas que seu Ministério vem implementando.
O
fato é que, independentemente da política a ser implementada, o governo perdeu
completamente a capacidade de liderar qualquer iniciativa de enfrentamento à
epidemia. Antes, tornou-se obstáculo para aqueles que estão na linha de frente,
trabalhando para minorar o sofrimento dos brasileiros.
No
momento em que escrevo este artigo, divido a atenção com uma entrevista do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ele revela que os investidores vêm fazendo
grande pressão, devido a perdas na Bolsa de Valores. Por isso querem suspender
o isolamento, supondo que, assim, os índices voltem a subir. Maia lembra que a
Bolsa é investimento de risco, em que se pode ganhar ou perder. E que a hora é
de socorrer as pessoas e não os rentistas. Está mais do que certo.
Entende-se,
portanto, a ânsia de Bolsonaro em pôr todo mundo na rua para trabalhar, mesmo
em circunstâncias perigosas. Verifica-se que a preocupação dele não é com a
renda dos trabalhadores. Na verdade, está agindo como advogado dos rentistas e
dos banqueiros.
Se
esse fosse um governo sério, estaria trabalhando para preparar um amplo pacote
de benefícios que atendesse a todos (mas todos mesmo) os brasileiros sem
condições de atravessar essa quadra sem auxílio. Ao mesmo tempo, trataria de
abrir linhas de crédito a juros baixos, com carência ou a fundo perdido, entre
outras medidas, para atender as empresas, principalmente as micros, pequenas e
médias.
Porém,
duvido.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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