Rodrigo Maia (DEM-RJ) é hoje o político com maior capacidade de articulação em Brasília, com mais trânsito e mais diálogo. Ele viabilizou a reforma da Previdência. Jair Bolsonaro comentou na semana passada que Maia quer ser protagonista das reformas.
Ele faz isso porque, se for depender da capacidade de articulação do Palácio do Planalto, não é aprovada nem reforma no condomínio Vivendas da Barra. Maia é cogitado como candidato a presidente da República. Mas, inteligente, ele sabe que o prestígio que tem nos corredores palacianos tem a ver com a cadeira que ocupa na Câmara dos Deputados e com os favores que pode atender.
Sabe quantos votos isso dá nas urnas? Ulysses Guimarães fez esse teste em 1989 e descobriu do pior jeito. Maia não é ligado a Bolsonaro, não gosta do governo Bolsonaro não quer a reeleição de Bolsonaro. Mas, se opõe ao PT a vida toda. Hoje, ele percebe que não foi construída nenhuma alternativa viável aos dois polos.
Se a eleição presidencial fosse hoje, o segundo turno, se houvesse, seria entre Bolsonaro e o PT. Não haveria terceira força no horizonte. Maia quer, então, reunir todo mundo que está entre os dois. E é aí que entra Ciro Gomes (PDT).
O centro consegue contra-atacar?
Na história política do Brasil pós-redemocratização, as eleições presidenciais eram vencidas por quem conseguia o voto do centro. Sempre houve o polo conservador e o polo progressista. Quem conseguia mais votos de quem estava no meio vencia. Bolsonaro rompeu essa lógica.
A polarização esvaziou o centro. O que Rodrigo Maia quer fazer contra isso? Defende uma frente com todo mundo: João Doria (PSDB), Luciano Huck, Ciro Gomes (PDT). Já pensou?
A junção é complicada, quando não impossível. Envolve ambições, ambições pessoais e projetos partidários. É difícil Doria aceitar qualquer acordo que não seja em torno dele. O mesmo vale para Ciro.
Movimentos de Ciro
Em 2018, Ciro esteve muito perto de fechar acordo com o DEM de Rodrigo Maia. Os movimentos do ex-governador cearense têm objetivo de se dissociar do PT e se apresentar como alternativa de centro, numa perspectiva nacionalista, progressista, mas que dialoga com o senso de moral e intransigência com a corrupção.
Ciro tem uma vantagem em relação aos nomes citados por Maia: na eleição passada, já foi terceiro colocado, atrás do PT e de Bolsonaro. Ele larga com o maior capital dentre esta intenção de bloco.
O problema é saber se esse não é o teto dele.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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