Os ministros Sergio Moro e Fernando Azevedo em reunião no Palácio na Abolição (Foto: Fabio Lima) |
De
passagem por Fortaleza para acompanhar a execução da operação de Garantia da
Lei da Ordem (GLO), decretada pelo governo Bolsonaro, o ministro Sergio Moro
(Justiça e Segurança Pública) evitou criticar policiais militares que paralisam
as atividades no Ceará desde a terça-feira, 18.
Em
entrevista coletiva ao lado do governador Camilo Santana (PT) na manhã desta
segunda, Moro jogou panos quentes sobre o cenário no estado. Disse que estava
“sob controle” e que o Exército cumpria função de segurança nas ruas. Também
falou que a situação local era “temporária e deve ser resolvida brevemente”.
Moro
não mencionou o motim uma única vez. Pelo contrário. Enquanto Camilo voltou a
dizer que PMs descumpriam a Constituição Federal, o ministro contemporizou. “Os
policiais são profissionais dedicados, que arriscam sua vida e devem ser
valorizados”, respondeu a uma pergunta de jornalista.
O
papel de Moro no Ceará é duplo: como ministro, vistoriar a GLO – estava
acompanhado do chefe da Defesa. Como político, garantir que a imagem de Bolsonaro
saia ilesa da intervenção. Afinal, os militares são parte importante da base do
eleitorado do presidente. No 18º Batalhão da PM, epicentro da paralisação, o
grito de “mito” foi ecoado algumas vezes.
Isso
explica por que, desde que os PMs cruzaram os braços no Ceará, não se ouviu uma
só reprimenda de Moro e Bolsonaro sobre as ações dos agentes. Se já foi
diligente e talvez precipitado noutras situações, apressando-se a emitir juízos
fora dos autos, o Moro de agora é diferente.
No
Ceará, Moro apresentou-se menos como ministro da Justiça e mais como um agente
destacado do bolsonarismo, que aportou ao Estado para assegurar os interesses
políticos de seu chefe.
Institucionalmente,
a missão que lhe cabe aqui exigiria forçosamente uma condenação explícita e sem
meias palavras da conduta de parte da polícia, sobretudo depois do toque de
recolher em Sobral. Na prática, o ministro jogou para o público do seu chefe
superior e abrandou o discurso, saindo pela tangente.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.