O tronco tem cerca de 145 milhões de anos, sendo pertencente ao período Jurássico (Foto: Divulgação/Urca) |
O maior
tronco fóssil já encontrado na Bacia do Araripe se encontra exposto na praça ao lado da
Prefeitura de Santana do Cariri. O resgate do material,
estimado em mais de cinco toneladas de massa e seis metros de comprimento ao
longo de suas três peças, durou dois dias e foi concluído na última
quarta-feira (12/02). O fóssil foi encontrado na localidade sítio Poço do Pau, na
zona rural de Brejo Santo (a 133km de Santana).
O
tronco tem cerca de 145 milhões de anos, sendo pertencente ao período Jurássico.
Conforme a paleontóloga Edenilce Peixoto Batista, o tronco, possivelmente, é
uma gimnospermas, do grupo das coníferas, pertencente à família da araucariácea
— uma espécie de parente do atual Pinheiro do Paraná. Esse tipo de vegetação,
atualmente, existe na América Latina somente nas regiões Sul e Sudeste.
"Isso mostra que no Jurássico a vegetação do Nordeste era composta por
coníferas. Então, era uma vegetação bem diferente da atual", diz ela, que
é professora da Universidade Regional do Cariri (Urca). Estudos ainda devem
confirmar a espécie ao qual o tronco pertencia.
O trabalho de resgate do
tronco foi realizado pelo Geopark Araripe, Museu de Paleontologia Plácido
Cidade Nuvens, Prefeitura Municipal de Santana do Cariri e acompanhado por
pesquisadores da área. Conforme Alysson Pinheiro, diretor do Museu de
Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, a peça foi descoberta há mais de um ano,
mas sua escala impedia o transporte. "Foi uma verdadeira operação de
guerra", resume.
Qualquer movimento errado podia danificar bastante o
fóssil, relembra. Um caminhão guindaste realizou o transporte do fóssil.
Conforme
Pinheiro, a exposição do fóssil permite divulgar melhor a importância da Bacia
do Araripe, conhecida pela qualidade de seus fosseis, como ressalta. O local de
exposição ainda deve receber mais preparos, agregando mais informações a
moradores e turistas. As peças devem ficar no local até serem concluídas as
tratativas sobre como levá-las ao museu, diz Alysson.
Conforme
Edenilce Peixoto Batista, o estudo da paleoecologia da planta, a partir das
células do tronco, pode elucidar como a espécie viveu. Com isso, pode-se fazer
inferências sobre como era o ambiente do Cariri naquela época.
Alysson
Pinheiro afirma que análises mais detalhadas do fóssil podem fazer entender diversos
acontecimentos da época, como variações climáticas — e como isso afetou o meio
ambiente à época. Ainda se pode traçar relações com eventos importantes, como a
época das grandes extinções e a separação dos continentes.
Com
informações portal O Povo Online
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