Onyx Lorenzoni levou a mensagem presidencial: parlamentares criticaram o gesto do Planalto de enviar um ministro tão enfraquecido (Foto: Ed Alves) |
Apesar
da expectativa elevada para a mensagem que o Poder Executivo iria apresentar ao
Congresso Nacional com as prioridades para 2020, o governo federal teve uma
aparição apagada durante a sessão que marcou a abertura do ano legislativo. Com
o presidente Jair Bolsonaro em viagem a São Paulo e o vice Hamilton Mourão em
compromisso no Palácio do Planalto, coube a quatro ministros a responsabilidade
de representar a Presidência da República no plenário da Câmara.
As
pastas mais importantes da Esplanada dos Ministérios ficaram de fora, como a da
Justiça e Segurança Pública, capitaneada por Sergio Moro, e a da Economia,
presidida por Paulo Guedes, justo ele que precisará negociar bastante com o
Congresso para dar continuidade às reformas estruturais para o reequilíbrio
fiscal, como a administrativa e a tributária. Em vez de comparecer ao
Congresso, Guedes manteve a agenda de reuniões com secretários e com a nova
secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha
Seillier.
No
caso da reforma administrativa, ainda em gestação no governo e pouco citada na
mensagem do Executivo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi
enfático. Disse que, se o governo pretende avançar em medidas como o fim da
estabilidade dos servidores, terá de incluir essa mudança na PEC e não deixar
essa missão para os parlamentares. “O governo não pode transferir para o
Congresso uma responsabilidade que é dele”, criticou Maia.
Dos
integrantes do alto escalão do governo federal que compareceram ao parlamento
para prestigiar a cerimônia estavam os chefes das pastas da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni; da Agricultura, Tereza Cristina; da Cidadania, Osmar Terra; e da
Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. Mesmo dividindo a mesa com
outras autoridades dos Três Poderes, Onyx Lorenzoni pouco participou da
abertura do ano legislativo. No início da cerimônia, ele apenas entregou o
relatório de 150 páginas produzido pelo Palácio do Planalto aos presidentes da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Na
sequência, coube à deputada Soraya Santos (PL-RJ) fazer o pronunciamento
escrito pelo mandatário brasileiro.
Mensagem
dispersa
Além
da presença mínima de ministros, parlamentares notaram a ausência de notáveis
aliados de Bolsonaro no Congresso. Filhos do presidente, o senador Flávio
Bolsonaro (sem partido-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), não
registraram presença na solenidade. Tampouco compareceu o líder do governo na
Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). Integrante da oposição, o deputado Edmílson
Rodrigues (PSOL-PA) criticou o presidente e, sobretudo, o discurso assinado por
Bolsonaro, o qual garante, em um dos trechos que “o nosso governo está
promovendo uma série de realizações, que já estão trazendo benefícios, tanto
para a sociedade quanto para os investidores e o setor empresarial no Brasil”.
“O
governo está festejando o quê? Não reduziu o desemprego. Festejar os juros
baixos? Eles tiveram que baixar porque as pessoas não estão comprando. Não tem
como manter os juros altos se as pessoas, desempregadas ou subempregadas não
têm como comprar o feijão e o arroz. Então, foi quase que uma imposição, mas
isso apenas sinaliza que o governo não tem controle; ele entregou o controle às
grandes corporações financeiras, que impuseram uma derrota ao povo brasileiro”,
criticou.
O
presidente da comissão que trata sobre a prisão após segunda instância na
Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), avaliou que a mensagem do presidente
Jair Bolsonaro ao Congresso foi dispersa, com foco eleitoral e distante das
questões econômicas. “A mensagem se perdeu um pouco em questões ideológicas. As
eleições já acabaram faz tempo. O inimigo do Brasil não é um partido ou uma
ideologia”, disse o parlamentar. “Insisto que devemos ter centralidade absoluta
na pauta econômica. A dispersão é um erro”, completou.
Líder
do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), também desaprovou o discurso do governo
federal, sobretudo pelo que considerou falta de ênfase às reformas tributárias
e administrativas no texto. “O governo tem de se fazer presente apresentando
propostas fundamentais, pois teremos um ano mais curto”, opinou, acrescentando
que a presença de Onyx na cerimônia não foi bem-vista, principalmente por conta
das recentes polêmicas envolvendo ele e Bolsonaro, como a transferência do PPI
da Casa Civil para a Economia e a dupla exoneração do secretário executivo da
Casa Civil, Vicente Santini. “Ele foi extremamente desgastado nos últimos
tempos e está demonstrando paciência maior do que Confúcio. Ninguém sente a
presença dele (Onyx) como um ministro fortalecido, como porta-voz do
presidente”, afirmou o senador.
Com
informações portal Correio Braziliense
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