A
ala militar ganha cada vez mais terreno no Planalto (Foto: Marcos Correa)
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Além
da nomeação do general Walter Souza Braga Netto como ministro-chefe da Casa
Civil da Presidência da República — o que fez com que Onyx Lorenzoni fosse deslocado
para o Ministério da Cidadania —, o Diário Oficial da União (DOU) desta
sexta-feira (14/02) trouxe a integração de mais um militar ao Palácio do
Planalto. Desta vez, para a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). É o
almirante Flávio Augusto Viana Rocha. Ele substituirá o exonerado Bruno Grossi.
Até então, a pasta estava subordinada à Secretaria-Geral, comandada pelo
ministro Jorge Oliveira.
Com
a ala militar ganhando cada vez mais terreno, a leitura é que Bolsonaro busca
desenhar no seu núcleo duro do Palácio do Planalto uma diretriz de mais ordem e
hierarquia. Ao mesmo tempo, as mudanças mostram um certo distanciamento da
turma favorável ao escritor Olavo de Carvalho e causam indisposição com o setor
evangélico, que também esperava ter acesso a cargos na Casa Civil.
A
SAE, responsável por assessorar a Presidência da República na definição de
estratégias para a formulação do planejamento nacional, foi tirada da
Secretaria-Geral e está sob subordinação direta ao chefe do Executivo.
Agora,
entre as atribuições de Flávio Rocha estão, também, a coordenação da Assessoria
Especial da Presidência e o assessoramento de assuntos internacionais,
auxiliando no planejamento e na execução das viagens internacionais de Bolsonaro,
além da preparação de material de informação e de apoio para encontros e
audiências com autoridades e personalidades estrangeiras.
Na
semana passada, em uma live, o almirante acompanhou, ao lado de Bolsonaro, o
discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, absolvido em processo
de impeachment. Nesta sexta-feira (14/2), ele esteve com o chefe do Executivo
no Pará, para participar da inauguração do trecho de pavimentação da BR-163.
Onyx Lorenzoni foi ao evento.
Estratégia
A
dança das cadeiras, promovida por Bolsonaro, tem também outro objetivo: blindar
as ambições políticas no entorno palaciano. Ele já chegou a dizer que daria
“cartão vermelho” a ministros que usassem o cargo para favorecimento eleitoral.
A fala pode ser entendida como uma sinalização direta ao ministro Onyx
Lorenzoni, que mantinha uma agenda voltada para o Rio Grande do Sul.
“Qualquer
ministro que, porventura, queira usar o ministério e, em vez de atender o
Brasil, atender seu estado, seu município, está fadado a levar um cartão
vermelho”, afirmou. Nos bastidores, a informação é de que Lorenzoni deixava a
desejar por não conseguir gerenciar o ministério. O presidente não o dispensou,
porém, porque o estima pelo apoio recebido desde os tempos em que era deputado
federal.
Separação
Com
a militarização do Planalto, o vice-presidente Hamilton Mourão fez questão de
deixar claro: as Forças Armadas e o governo são entidades diferentes e não
devem ser responsabilizadas por “eventuais erros e acertos” do Executivo,
destacou.
“Essa
é uma preocupação que a gente tem desde o começo do nosso governo. A gente tem
de deixar claro que as Forças Armadas continuam do lado de fora, apesar de nós
termos a presença de elementos do meio militar”, ressaltou. “Mas as Forças
Armadas estão fora, na mão dos seus comandantes. E isso a gente tem de deixar
muito claro o tempo todo, porque eventuais erros e acertos do nosso governo não
podem ser debitados na conta delas (Forças Armadas).”
Para
o professor emérito de ciências políticas da UnB David Fleischer, os militares
tentarão “pôr ordem no galinheiro”. “Braga Netto é um homem bem conhecido e
conseguiu alguns resultados como interventor no Rio. Pode ser benéfico. Eles
têm um bom treinamento e não têm tanta experiência com a política civil,
subentende-se que não têm ligações políticas negativas”, apontou.
Na
opinião do cientista político Rodrigo Prando, um aspecto negativo da
militarização do Planalto está em um eventual rompimento com a ala. “A grande
questão é que vamos percebendo que os aliados dele, especialmente civis, foram
ficando pelo caminho. Foi assim com Bebianno (Gustavo Bebianno, exonerado da
Secretaria-Geral no começo do ano passado), Joyce Hasselman (deputada). Parece
que Bolsonaro fica muito confortável junto a seus familiares, filhos e militares.
Se houver rompimento com militares, quem sobra para ele negociar?”, questionou.
Reeleição
é natural
O
presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira (14/2), durante a
cerimônia de inauguração da pavimentação de um trecho de 51km da BR-163, no
Pará, que “reeleição é algo natural”. “Governar é eleger prioridades e não
deixar obras paradas nem inventar obras para aparecer e se reeleger lá na
frente”, frisou. “Eu não estou preocupado com a reeleição. Reeleição é algo
natural. Se você trabalhar, ela vem.”
Caminhoneiros
que escoam a produção agrícola de Mato Grosso até o porto de Miritituba demoravam
mais de uma semana para percorrer um trecho de pouco mais de mil quilômetros,
que liga as duas regiões. Agora, com a pavimentação, esse tempo será reduzido.
“Os
caminhoneiros mereciam que essa rodovia fosse pavimentada, eles mereciam essa
consideração do Estado brasileiro com eles”, disse o ministro da
Infraestrutura, Tarcísio Gomes. A pasta foi responsável pela execução da obra.
Ele prometeu concluir também a pavimentação de outras rodovias, como a BR-158,
a BR-174 e a BR-230.
Com
informações portal Correio Braziliense
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