O
secretário especial da Cultura do governo federal, Roberto Alvim, citou trechos
de uma fala do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, ao anunciar a
liberação de R$ 20 milhões para o Prêmio Nacional das Artes.
O
vídeo do secretário foi postado na internet na noite de quinta-feira (16/01) e
logo gerou uma onda de críticas, devido à semelhança com o discurso de
Goebbels. O nome do ministro nazista se tornou um dos mais citados no Twitter
durante a madrugada desta sexta-feira (17/01).
Pela
manhã, uma crise havia se instalado, e Alvim acabou exonerado pelo presidente
Jair Bolsonaro no início da tarde. Bolsonaro chamou a peça de
"pronunciamento infeliz" e disse repudiar toda forma de
totalitarismo, "como o nazismo e o comunismo". O vídeo foi retirado
do ar.
Fala
semelhante à de Goebbels
Alvim
diz no vídeo que "a arte brasileira da próxima década será heróica e será
nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será
igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes
do nosso povo – ou então não será nada”.
A
fala é semelhante a um discurso de Joseph Goebbels em 8 de maio de de 1933, no
Hotel Kaiserhof, em Berlim. "A arte alemã da próxima década será heroica,
será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será
nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não
será nada."
Na
ocasião, ele falava para diretores de teatro. O trecho do discurso do ministro
nazista está relatado no livro Joseph Goebbels: Uma biografia (Ed. Objetiva),
escrito pelo historiador alemão Peter Longerich.
Outra
referência ao nazismo contida no vídeo postado por Alvim é a trilha sonora. A
música de fundo é um trecho da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, obra que
Hitler afirmou, em sua autobiografia, ter sido decisiva em sua vida.
Repercussão
negativa
Logo
pela manhã, uma série de críticas de autoridades passaram a ser feitas. O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou pelo Twitter
que o secretário havia "passado dos limites" de maneira
"inaceitável". "O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente
do cargo", acrescentou.
O
Planalto, inicialmente, afirmou que não comentaria o caso, e Alvim ainda tentou
se defender, dizendo que as semelhanças entre sua fala e o discurso de Goebbels
eram coincidência. O secretário ainda afirmou que conversou com o
presidente, que, segundo ele, não teria visto má intenção no vídeo.
As
pressões, no entanto, continuaram. Parlamentares usaram termos como
"repugnante" e "inaceitável" para classificar o vídeo. Os
presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Supremo Tribunal Federal
e do Senado também repudiaram as declarações do secretário. Já o apresentador
Luciano Huck, que é judeu, chamou Alvim de "perverso".
Por
fim, após o Planalto avaliar que o governo estava sofrendo um "massacre
nas redes", e assessores, especialmente da ala militar, recomendarem que
Bolsonaro se livrasse logo da crise, o presidente anunciou a exoneração de
Alvim, adotando um tom mais ameno e chamando o vídeo de um "pronunciamento
infleiz".
Quem foi Joseph Goebbels
Joseph
Goebbels tornou-se ministro da Propaganda de Adolf Hitler em 1933. Esse era um
dos cargos mais importantes do governo alemão, já que era atribuição desse
ministério a tarefa de convencer a população sobre os ideais nazistas. Cabia a
Goebbels também o controle de toda a produção jornalística da Alemanha, o que
acarretou em censura e perseguição a jornalistas judeus e outros grupos de
oposição.
Sob
ordens de Hitler, Goebbels convocou a população a boicotar negócios judeus e
incentivou e organizou a queima de livros considerados “não alemães”. Após a
morte de Hitler, Goebbels exerceu a função de chanceler por um dia. Ele e a
esposa tiraram a própria vida em 1º de maio de 1945 após envenenarem os seis
filhos.
Com
informações portal Correio Braziliense
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.