Os
"inimigos da democracia" passarão e o jornalismo
"passarinho". Brinco com a inspiração de Mário Quintana e as palavras
de Paulo Jerônimo de Sousa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa
(ABI), para tentar ser amoroso nesse tempo tão indelicado e desleal contra a
liberdade de imprensa.
E
não é novidade o jornalismo e jornalista entrarem na "linha de tiro"
dos que temem a perenidade da informação. Mas a história já destroçou
ditadores, já desmascarou torturadores e, como escreveu Paulo Jerônimo,
"engoliu" personagens passageiros.
Qualquer
pessoa, do presidente da República ao mais anônimo cidadão, tem o direito de
questionar uma informação, de duvidar da linha dessa ou daquela empresa de
comunicação, mas desejar a "extinção de jornalistas" é atestar a
vontade de reinar pelo autoritarismo.
Imagine
Fortaleza sem os 92 anos do O POVO e o espírito de muitos de seus jornalistas?
Sim, nem sempre fomos tão livres e há também pedidos de desculpas. Mas nunca
deixamos de insistir com a liberdade e a pauta dos interesses coletivos.
E
aqui poderia relacionar uma penca de coberturas que não teria havido se não
existissem jornalistas do O POVO a fim de entrar no bom combate pelo interesse
público da aldeia.
O
agente da Polícia Civil João Alves de França, em 1997, falou primeiro a um
jornalista e a um delegado sobre a existência de uma quadrilha de policiais -
de alto e baixo escalão - cometendo crimes em Fortaleza.
E
o que seria da história do piloto da Força Aérea Brasileira, Alexandro Bosco
Prado - morto em um acidente com um avião Xavante, em 2000, se três repórteres
do O POVO tivessem se conformado com informações "oficiais" da Base
Aérea de Fortaleza?
Talvez
os relatórios de acidentes de voos, até hoje, apontassem para erro humano. E a
insistência dos jornalistas deu na descoberta que a asa esquerda do Xavante
sacou em pleno voo no mar do Pecém.
Não
imagino, em 2011, produtores de conteúdos falsos desconfiados com o mal cheiro
que vinha do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Só jornalistas escavariam até
aprofundar no que ficou conhecido como Escândalo dos Banheiros. Mais de R$ 2
milhões desviados do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop) e o
envolvimento de um presidente do TCE e de um deputado estadual.
Há
um rosário de narrativas jornalísticas contadas ou reveladas pelo O POVO que minha
memória, de 24 anos de batente, não dá conta... Da construção do Orós aos
campos de concentração de "flagelados da seca". Dos desmatamentos
insustentáveis ao protagonismo mortal do Aedes Aegypti... Da tortura e morte do
confeiteiro Ivanildo na Superintendência da Polícia Federal ao tempo das
facções criminosas... Do Caso Campelo que revelou um torturador no governo
FHC...
"Enquanto
a informação for uma necessidade vital", diz Paulo Jerônimo, jornalistas
nunca serão uma "espécie em extinção". Podem até desejar o
desaparecimento ou quererem calar feito Herzog, mas a história engolirá quem
tem medo de uma imprensa livre.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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