Mais uma vez os profetas da chuva se reuniram em Quixadá (Foto: Aurélio Alves) |
Pela
voz de quem traduz os sinais da natureza, a expectativa é de que as
precipitações da quadra chuvosa de 2020 sejam acima da média. É o que dizem os
observadores da natureza no 24º Encontro dos Profetas da Chuva. O evento foi
realizado na manhã de ontem (11/01) no campus da Faculdade Cisne, em Quixadá. Participaram cerca de 20 profetas da região do
Sertão Central.
Os sinais são vistos na
floração da aroeira e da carnaubeira, nos ventos que saem do Oeste em direção
ao Leste, nos experimentos do dia de Santa Luzia, no caminho dos animais, nos
astros. O Sertão fala e eles são sensíveis e sábios para entender. Homens e
mulheres que desenvolveram uma relação íntima com a natureza durante toda a
vida, os profetas se definem apenas como seus observadores e destacam a
soberania divina.
"Dos
que já conversaram comigo, é (inverno) positivo. Da média para cima e bem
distribuídas. Os mais pessimistas dizem que vai ser um inverno bom, os mais
otimistas dizem que vai ser o maior inverno dos últimos dez anos", afirma
Helder Cortez, um dos idealizadores e organizador do evento.
Para ele, o maior
objetivo do encontro é resgatar e perpetuar a cultura dos profetas. Algo que
não tem sido fácil, tendo em vista as mudanças advindas da "modernidade, da
dinâmica da vida, as pessoas serem mais urbanas do que rurais". "Na
primeira edição, tivemos sete profetas e aproximadamente umas 30 pessoas. Foi
crescendo. Hoje, o evento está com 600 pessoas e a presença da imprensa",
diz.
As
chuvas do primeiro dia do ano foram um dos sinais positivos observados por José
Célio de Assis, 92, um dos profetas mais experientes. "Eu observo os
ventos e as árvores. A floração na carnaubeira, cumaru e do flamboyant estão
carregadas", diz o agricultor do Limoeiro do Norte.
Em
13 de dezembro, dia de Santa Luzia, Lurdinha Leite, 82, fez experiências com
pedras de sal. "Se desmanchar todas é porque o inverno vai ser bom. Se
desmanchar umas e outras não, é porque vai ser irregular. Todas as minhas
experiências deram boas", relata a agricultora. Titico Baia, 67, de
Quixeramombim, diz que a expectativa é de que açudes vão encher. "Vai ter
sol em março mas não faz medo. Na segunda quinzena de maio os açudes vão
encher", projeta.
Outros
sinais também corroboram a presença de boas chuvas. O vento do Aracati, o
sentido dos ventos, a barra do céu no dia 18 de outubro, relâmpago em setembro,
as manchas ao redor da Lua Cheia.
Assim
como Titico, quase todos os profetas presentes concordam que as chuvas deste
ano devem ser mais intensas que as do ano passado — consideradas dentro da
média histórica para o período.
Com
informações portal O Povo Online
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