Ao
longo de sua vida política, Jair Bolsonaro já deu repetidas demonstrações de
que não aprecia o jornalismo independente. Agora na Presidência, volta e meia
acena com represálias a veículos que publicaram matérias que não foram de seu
agrado. E, recentemente, foi mais longe ao caracterizar os jornalistas como uma
espécie em extinção, que, como tal, deveriam ficar aos cuidados do Ibama.
Foi
uma tentativa canhestra de fazer graça, mas a afirmação de mau gosto revela a
forma de pensar do presidente.
Bolsonaro
já demonstrou ojeriza ao jornalismo independente. Mas, queira ou não, está num
país democrático. E a democracia pressupõe a liberdade de expressão.
A
imprensa tem assegurada pela Constituição o direito de publicar reportagens,
que informam seus leitores, e artigos, que os ajudam a formar opinião. Gostem
ou não os governantes do que é escrito. No caso de ser veiculada alguma
acusação que fira a honra de alguém ou uma informação inverídica, existe a
possibilidade de recurso à Justiça.
Assim
funcionam as coisas.
Numa
sociedade moderna as informações serão sempre essenciais, não importa o veículo
pelo qual sejam divulgadas.
Quando
do advento da TV, alguns vaticinaram o fim do rádio.
Quando
surgiu a internet, houve a previsão de que os impressos morreriam.
Já
houve até quem dissesse que os livros "cheios de letras"
desapareceriam.
Nada
disso aconteceu.
E
o que nos mostra a História? Que os meios pelos quais são veiculadas as
notícias e as opiniões são múltiplos, variam no tempo, e que, ao longo da
História, somam-se outros, mais modernos, aos já existentes. Mas,
independentemente dos meios pelas quais são veiculadas, as informações
continuam a ser um produto indispensável numa sociedade moderna. E, para
levá-las aos cidadãos, os jornalistas são fundamentais.
Pode
ser que, ao prever a extinção do jornalismo, Bolsonaro tenha expressado muito
mais um desejo oculto do que feito uma previsão. O fato é que se equivocou
redondamente.
E
algo é seguro: está mais perto o desaparecimento de políticos inimigos da
democracia do que a extinção da imprensa ou dos jornalistas.
Independentemente
dos desejos - ocultos ou abertos - de quem quer que seja.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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