Bolsonaro no encontro com secretários de Segurança dos Estados (Foto: Carolina Antunes) |
A
recriação do Ministério da Segurança Pública está no radar do presidente Jair
Bolsonaro. Ele recebeu ontem (22/01), 18 secretários estaduais da
área, que pediram a volta da pasta, e prometeu estudar a medida. Criado em
2018, no governo Michel Temer, o ministério foi extinto pelo atual chefe do
Executivo no enxugamento da Esplanada. A iniciativa, uma das primeiras medidas
adotadas pelo governo, reduziu de 29 para 22 o número de pastas. Atualmente, a
área está vinculada à Justiça e é comandada por Sérgio Moro. A eventual divisão
diminuiria os superpoderes do ex-juiz e, portanto, provocaria novo desgaste
dele com o comandante do Planalto. Um dos nomes cotados para assumir o eventual
novo cargo é o do ex-deputado Alberto Fraga (DEM), amigo de Bolsonaro.
O
chefe do Planalto mencionou o assunto em live transmitida nas redes sociais,
durante a reunião com secretários de Segurança de estados e do DF, que
apresentaram uma lista de pedidos. Entre as demandas, além da recriação da
pasta, estão a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para
materiais de segurança e a transferência de presos de alta periculosidade.
“É
dever de todos, sem exceção, zelar pela segurança pública. Todas as sugestões
serão analisadas e buscaremos, na medida do possível, dar uma solução para esse
problema. Apesar do trabalho dos senhores ter diminuído o índice de violência,
reconhecemos que ainda está em alta em relação aos números de outros países”,
afirmou. “A busca pela diminuição da violência no Brasil tem de ser compartilhada
por todos nós. Resolvendo parte, diminuindo os índices da violência, a gente
faz a economia rodar, muita coisa acontecer.”
Na
live, Bolsonaro comentou sobre o pedido dos secretários para a recriação do
Ministério da Segurança Pública. “Talvez, pelo anseio popular de ter
dificuldade nessa área, de ser, talvez, o ponto mais sensível em cada estado,
essa possível recriação poderia ser melhor para gerir a questão da segurança. É
esse o entendimento dos senhores?” Os secretários confirmaram, e Bolsonaro se
comprometeu a avaliar.
O
secretário de Segurança da Bahia, Maurício Teles Barbosa, foi um dos que
sugeriram o retorno do ministério. “Temos de tentar dar um olhar um pouco mais
próximo à pasta da Segurança para que a gente tenha essas questões sendo
tratadas de forma direta”, frisou. O ministro Sérgio Moro, no entanto, não
participou da reunião. Ele estava num encontro sobre crimes cibernéticos com
representantes do governo dos Estados Unidos.
Despesas
O
economista Gil Castello Branco, secretário-geral do Contas Abertas, afirmou que
a eventual criação de um ministério terá impacto nas despesas públicas. “Sob o
ponto de vista do orçamento, o gasto vai aumentar, pois passa a ter dois
ministros, mais cargos de secretários de primeiro escalão. Esse possível
retorno demonstra que houve, desde o início, uma pressão mais política do que
técnica”, avaliou.
Para
o economista José Luis Oreiro, a verba, possivelmente, seria dividida entre os
ministérios da Justiça e da Segurança Pública e, portanto, não haveria um
grande impacto econômico. “Não vejo problema. Criou-se uma lenda urbana de que
o número de ministérios aumenta as contas. Nesse caso, os cargos são poucos.
Vai passar uma parte do Ministério da Justiça para o de Segurança”, argumentou.
“O impacto sobre o orçamento é pequeno, duvido que passe de R$ 200 milhões por
ano e, de fato, pode ter ganhos de eficiência, desafogando Moro. Boa parte do
custo é para realocar funcionários que estavam em um ministério grande.”
Demanda
Quando
aceitou o convite para ser ministro, Moro tinha como meta combater a corrupção
e o crime organizado, o que deixava implícita a junção das pastas. A redução
nas taxas de violência em 2019 tem sido comemorada por ele, que atribui parte
da queda à sua gestão no ministério. O ex-juiz também fazia questão de ter o
Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf) sob o seu comando, o que já
perdeu.
Maia
aprova recriação
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se mostrou favorável à recriação
do Ministério da Segurança Pública. Ele disse que, além de ser importante para
a redução da criminalidade, a pasta é necessária para corrigir uma falha do
Executivo. “O fim do ministério, no início do governo Bolsonaro, foi um erro do
próprio governo”, frisou. “Um governo que foi eleito com a pauta da segurança
pública acabar com o ministério que foi, enfim, criado no governo de Michel
Temer, que é umas agendas prioritárias da sociedade, foi uma sinalização ruim
para o próprio governo”, emendou, nesta quarta-feira (22/1), na residência oficial
da Câmara.
Maia
indicou que a ideia de recriar o ministério representa um avanço no combate ao
crime e um aceno para o público que elegeu Bolsonaro confiando na pauta da
segurança pública, mas que, recentemente, se mostrou insatisfeito com medidas
como a sanção do juiz das garantias. “É uma sinalização de priorização do tema
da segurança pública, que, de fato, precisa de uma política concentrada no
tema”, afirmou.
Da
mesma forma, Maia disse que a recriação do Ministério da Cultura, que começou a
ser cogitada pelo Planalto como uma forma de atrair a atriz Regina Duarte para
o primeiro escalão do governo, é positiva. “Vai reorganizar a relação do setor
com o governo, que vem muito machucada nos últimos meses”, avaliou. Ele disse,
ainda, que as medidas não vão, necessariamente, impactar no orçamento do
governo.
Com
informações portal Correio Braziliense
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