Presidente Jair Bolsonaro volta a atacar a imprensa em seu discurso (Foto: Antonio Cruz) |
Em
novo ataque à imprensa, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem (06/01), que jornalistas são uma "raça em extinção" e que ler jornal
"envenena". Bolsonaro afirmou que vincularia os repórteres ao Ibama,
órgão que, entre outras atribuições, defende animais ameaçados. "Vocês são
uma espécie em extinção. Eu acho que vou botar os jornalistas do Brasil
vinculados ao Ibama. Vocês são uma raça em extinção."
A
declaração foi feita em frente ao Palácio da Alvorada, onde o presidente
costuma falar com a imprensa e tirar selfies com apoiadores. Bolsonaro disse
que a imprensa "não sabe nem mentir mais", mas que não iria estender
as críticas a todos os jornalistas. "Para não ser processado pela ANJ
(Associação Nacional de Jornais) e não sei o quê", justificou.
O
presidente disse que "cada vez mais gente não confia" na imprensa. E
lembrou que mandou cancelar a compra de jornais e revistas impressas ao
Planalto. A Presidência não renovou
contrato para compra de periódicos - nacionais e internacionais -, que se encerrou
no fim de 2019. Firmada em 2017, a compra era de R$ 582.911,40 anuais e
abastecia o Palácio do Planalto e o escritório regional da Presidência em São
Paulo, além de fornecer assinaturas digitais.
"Todos,
todos (foram cancelados). Não recebo mais papel de jornal ou revista. Quem
quiser que vai comprar. Porque envenena a gente ler jornal. Chega
envenenado", disse ele. O novo ataque do presidente à imprensa hoje
começou após ele ser questionado se enviaria antes ao Congresso Nacional a
reforma administrativa ou tributária.
Na
mesma entrevista, o presidente ainda disse que tem uma vida difícil. E acusou,
sem provas, que jornalistas "ensaboavam" ex-presidentes devido a
pagamentos mais altos de publicidade às empresas de comunicação.
"A
vida do presidente que quer fazer pelo Brasil não é fácil. Nunca vocês tiveram
um presidente que conversasse tanto com vocês. Nunca. E quando conversavam, era
só ensaboar, e vocês aceitavam por quê? Porque recebiam mais de R$ 1 bilhão por
ano a título de propaganda. Aí, pô, fica quieto, vai dizer que papai e mamãe
está tudo bem, mas não estava. O Brasil estava afundando", declarou.
Ataques
à imprensa
Em
20 de dezembro, o presidente se irritou com repórteres ao ser questionado sobre
a operação de busca e apreensão que teve como alvo seu filho mais velho, o
senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). Na ocasião, Bolsonaro disse a um
repórter que ele tinha "uma cara de homossexual terrível".
No
dia seguinte, o presidente recebeu jornalistas no Palácio da Alvorada, quando
não elevou o tom de voz ao responder sobre o mesmo tema. Naquela entrevista,
Bolsonaro disse que se controla ao falar com jornalistas e que a mídia o
"provoca" para ter manchete.
Bolsonaro
afirmou à época que reflete sobre algumas declarações e que se arrepende, em
alguns casos. Bolsonaro comparou a relação com a imprensa ao futebol e
continuou, em tom irônico: "É igual futebol: ali na frente, de vez em
quando, você manda seu colega para a ponta da praia (base da Marinha que teria
sido usada como local de tortura na ditadura militar). Depois vai tomar uma
tubaína com ele", afirmou.
Com
informações portal Correio Braziliense
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