Antigos
aliados do presidente do Jair Bolsonaro passaram a ser inimigos dele em poucos
meses. O governo nem bem tinha começado os trabalhos no Palácio do Planalto e
uma crise envolvendo áudios vazados e um dos filho de Bolsonaro, Carlos,
derrubaram o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Ele
era tido como homem de confiança do presidente. Depois disso, a lista de
desafetos só aumentou.
Confira
quem são os ex-amigos – e agora inimigos – do presidente após um ano de
governo:
Gustavo
Bebianno
Então
braço-direito de Jair Bolsonaro, Bebianno foi presidente nacional do PSL e
responsável pela distribuição dos recursos do partido durante as eleições de
2018. Com denúncias de irregularidades na distribuição do fundo eleitoral a
candidaturas laranjas, a imagem do então ministro ficou desgastada no Palácio
do Planalto. A posição no governo ficou insustentável quando ele foi chamado de
mentiroso por Carlos Bolsonaro e decidiu divulgar áudios de conversas com o
presidente. Bebianno acabou demitido no dia 18 de fevereiro e se desligou do
PSL oficialmente em junho.
Luciano
Bivar
O
presidente do PSL e Bolsonaro estão em crise há meses e a queda de braço dentro
do partido continua intensa com suspensões e ameaças de expulsão. A gota d’água
no relacionamento entre Bolsonaro e Bivar foi um vídeo em que o presidente da
República aparecia afirmando que o deputado estava “queimado pra
caramba”. A crise se aprofundou de tal forma que Bolsonaro se desfiliou do
PSL e criou um partido próprio, o “Aliança pelo Brasil”.
O
PSL rachou entre as alas bolsonarista e bivarista. O senador Flávio Bolsonaro,
filho do presidente, também deixou a sigla. Como o "Aliança pelo
Brasil" não está está registrado formalmente no TSE, pois precisa de 500
mil assinaturas de apoiadores, os Bolsonaros que deixaram a legenda estão
"sem partido" no momento. Vários deputados federais esperam uma
brecha ou a expulsão para se juntar ao presidente no novo partido.
Alexandre
Frota
Frota
foi expulso do PSL em agosto, depois de criticar abertamente Bolsonaro nas
redes sociais. O deputado era contra a nomeação de Eduardo, filho 03 do
presidente, para a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos e se absteve na
votação do segundo turno da reforma da Previdência. Também trocou farpas com
Olavo de Carvalho, “guru” do bolsonarismo. Depois de fazer parte da tropa de
choque do presidente, Frota acabou entrando para o PSDB e hoje é um dos maiores
críticos do governo.
Joice
Hasselmann
A
ex-líder do governo no Congresso, antes bolsonarista de primeira ordem, foi
removida do cargo pelo presidente na crise que rachou o PSL. Ela apoiou o
deputado Delegado Waldir (GO) como líder do partido na Câmara, enquanto
Bolsonaro tentava dar ao filho Eduardo a liderança. Depois disso, ela entrou em
atrito direto com os filhos do presidente. Joice os acusou de conduzirem uma
“milícia digital” para atacar opositores do governo.
General
Santos Cruz
Alvo
da ala ideológica do governo, recebeu inúmeras críticas de Olavo de Carvalho.
Acabou demitido por “falta de alinhamento político-ideológico”. Também pesaram
contra ele os problemas de articulação do Planalto com o Congresso, já que
Santos Cruz era um dos responsáveis por essa função. O general foi demitido da
Secretaria do Governo em 13 de junho.
Ele
teria sido uma das vítimas do "Gabinete do Ódio", o ex-ministro evita
fazer comentários sobre o governo ou o presidente. Santos Cruz foi convidado a
participar de audiência pública na CPI das Fake News, no dia 26 de novembro, e
classificou Olavo de Carvalho como "um vigarista profissional".
Delegado
Waldir
O
Planalto articulou a queda do deputado da liderança do partido na Câmara para
substituí-lo por Eduardo Bolsonaro. Waldir pertence ao grupo que apoia Luciano
Bivar, presidente nacional do PSL, em meio à crise e da guerra de listas de
apoio, Waldir decidiu deixar a liderança que foi assumida por Eduardo.
Wilson
Witzel
Bolsonaro
disse “minha vida virou um inferno após vitória de Witzel”, apesar de terem
bandeiras parecidas, a crise em torno do caso Marielle implodiu a relação dos
dois. Bolsonaro acusou o governador do Rio de conspirar contra ele, ao vazar
informações para a matéria do Jornal Nacional, da Rede Globo, que cita o
porteiro do condomínio onde o presidente e um suspeito moram. O presidente também
acusa Witzel de estar de olho na presidência da República em 2022. A desavença
começou em setembro.
João
Doria
Durante
a campanha de 2018, o slogan “Bolsodoria” ajudou o governador de São Paulo a
conquistar o cargo. A amizade não é a mais mesma desde a eleição, já que a
competição entre Doria e Bolsonaro já é por 2022. O presidente chegou a ameaçar
transferir a Fórmula 1 de São Paulo para o Rio de Janeiro, mas isso foi antes
de brigar com Wilson Witzel, governador do Rio.
Paulo
Marinho
Paulo
Marinho é o empresário que ajudou a eleger Bolsonaro e agora pretende colocar
Doria no Palácio do Planalto. É primeiro suplente de Flávio Bolsonaro, no
Senado. O afastamento teria começado logo depois da eleição, em outubro de
2018. Marinho é o atual presidente do PSDB do Rio de Janeiro. "Está
faltando gratidão ao governo do capitão", disse Marinho em entrevista à
Época. Ele criticou também a influência negativa dos filhos do presidente no
governo.
Major
Olímpio
Líder
do PSL no Senado, Major Olímpio (PSL-SP) afirma que não tem nada contra Jair
Bolsonaro. A crise neste caso foi causada principalmente pelo atrito com os
filhos do presidente. Carlos Bolsonaro chamou Olímpio de “bobo da corte”, que
respondeu pedindo a Bolsonaro para internar o filho numa clínica psiquiátrica.
Também
disse que uma armadilha foi criada pelos filhos do presidente. “Flávio
Bolsonaro para mim acabou, não existe”, disse Olímpio. A crítica foi causada
pela intervenção de Flávio para acabar com a criação CPI da Lava Toga, que
deveria investigar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Também foi
chamado de desafeto por Eduardo Bolsonaro.
Publicado
originalmente no portal Gazeta do Povo
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