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24 de dezembro de 2019

Um Natal com boas notícias por Ana Naddaf


Eu receberia as piores/melhores notícias dos seus lindos lábios. Poderia ter sido o título riscado no livro recebido como presente de Natal. De um quase inacabável 2019. Um ano ímprobo para as notícias. Aliás, intricado para o jornalismo, que ficou ainda mais fragilizado em meio à polarização e à desinformação.

Mudar de ano parece sempre ter um ar de balanço da sobrevivência, do que ficou para trás. No Natal, porém, ainda que tenhamos passado por uma jornada de momentos amargos, encontra-se uma forma de desembrulhar o que ficou de belo e doce, de desejar delicadezas, de enxugar as lágrimas que os olhos insistiram em não guardar.

Foi-se perdendo pedaços deste ano como se perde cílios. Sem perceber e por todo lugar. Algo parecido com o que escreveu a escritora indiana Rupi Kaur sobre o amor. Assim parecem os dias e meses que antecederam este 25 de dezembro. Mas, neste especial, preferimos rever as histórias que valeram a pena serem contadas em 2019. Assim como é bom ligar pedindo desculpas no dia seguinte, abrir a janela para o ar entrar, comprar lençóis novos, escolher o destino da próxima passagem.

Você pode até continuar desconfortável, desencantado, abespinhado. Mas é preciso encorajar. Claro que não precisa pegar os jornais velhos, recortar manchetes e escolher apenas as notícias ditosas, como uma Pollyana e seu "jogo do contente". É permitir, no entanto, o encontro com as gentilezas, com as certezas e com o que parece estar funcionando.

Para que venham carnavais, para que celebremos nascimentos, aniversários e dias de férias. E que uma boa história volte a esperançar você, leitor. Como se fosse fita solta do presente de Natal, ou a semente da uva guardada como sorte para o próximo ano.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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