Eu
receberia as piores/melhores notícias dos seus lindos lábios. Poderia ter sido
o título riscado no livro recebido como presente de Natal. De um quase
inacabável 2019. Um ano ímprobo para as notícias. Aliás, intricado para o
jornalismo, que ficou ainda mais fragilizado em meio à polarização e à
desinformação.
Mudar
de ano parece sempre ter um ar de balanço da sobrevivência, do que ficou para
trás. No Natal, porém, ainda que tenhamos passado por uma jornada de momentos
amargos, encontra-se uma forma de desembrulhar o que ficou de belo e doce, de
desejar delicadezas, de enxugar as lágrimas que os olhos insistiram em não
guardar.
Foi-se
perdendo pedaços deste ano como se perde cílios. Sem perceber e por todo lugar.
Algo parecido com o que escreveu a escritora indiana Rupi Kaur sobre o amor.
Assim parecem os dias e meses que antecederam este 25 de dezembro. Mas, neste
especial, preferimos rever as histórias que valeram a pena serem contadas em
2019. Assim como é bom ligar pedindo desculpas no dia seguinte, abrir a janela
para o ar entrar, comprar lençóis novos, escolher o destino da próxima
passagem.
Você
pode até continuar desconfortável, desencantado, abespinhado. Mas é preciso
encorajar. Claro que não precisa pegar os jornais velhos, recortar manchetes e
escolher apenas as notícias ditosas, como uma Pollyana e seu "jogo do
contente". É permitir, no entanto, o encontro com as gentilezas, com as
certezas e com o que parece estar funcionando.
Para
que venham carnavais, para que celebremos nascimentos, aniversários e dias de
férias. E que uma boa história volte a esperançar você, leitor. Como se fosse
fita solta do presente de Natal, ou a semente da uva guardada como sorte para o
próximo ano.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.