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27 de dezembro de 2019

Pauta conservadora guiou estratégia política de Bolsonaro no primeiro ano


A promessa de liberalismo na economia e conservadorismo nos costumes ajudou a eleger o presidente Jair Bolsonaro num país dividido. À frente do Planalto há quase um ano, o chefe do Executivo reafirmou seu compromisso com a agenda da “família e dos bons costumes” no lançamento do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente quer criar, sinalizando a intenção de seguir adiante com o discurso de campanha. 

Direcionada aos 57 milhões de brasileiros que o colocaram na Presidência da República, a sigla não é unanimidade entre os brasileiros nem contempla todos. 

Lido na convenção nacional do Aliança pelo Brasil, o programa do eventual partido define a legenda como “soberanista”, que rechaça as “falsas promessas do globalismo” e trata o aborto como “uma traição social”. A justificativa é de que todos que defendem a interrupção da gestação já nasceram. O evento de lançamento da legenda ocorreu em um hotel de luxo em Brasília, nas proximidades do Palácio da Alvorada, há dois meses. A sigla tem núcleos temáticos que não incluem negros ou LGBTs.

De extrema direita, Bolsonaro questiona os direitos das minorias e defende as ditaduras. Ao citar uma declaração do ator norte-americano Morgan Freeman, que defendeu o silêncio sobre o racismo como forma de combatê-lo, o presidente disse em entrevista que “não tinha essa coisa de bullying” quando ele era jovem. 

“O gordinho dava pancada em todo mundo. Hoje em dia, ele chora. Acontecem as brincadeiras entre as crianças, não tem que ter uma política para isso. Tudo é coitadismo. Coitado do negro, da mulher, do gay, do nordestino, do piauiense”, disse o presidente da República, num comentário sobre bullying

Para o professor de ciências sociais Gilvan Gomes da Silva, do Centro Universitário Iesb, “há um entendimento de que ataques às minorias são uma estratégia”. Enquanto lança questões conservadoras, explica ele, pautas liberais que não teriam receptividade na sociedade “estão passando”. Então, pondera Gilvan da Silva, “as minorias estão tratando de sobreviver”.

Um exemplo citado pelo especialista foi a nomeação de Sérgio Camargo como presidente da Fundação Palmares - primeira instituição pública voltada à promoção da influência negra na formação da sociedade brasileira. “Ele não está ligado ao movimento”, diz. 

Camargo defende que o negro “não precisa ser vítima nem precisa ser de esquerda” e afirma que trabalha pela libertação que “escraviza ideologicamente os negros”, tratados por ele como “dependentes de cotas e do assistencialismo social”.

O professor qualifica casos semelhantes como “ações articuladas de um presidente que deveria governar para toda a população”, salientando que existe, entre os brasileiros, aqueles que pagam impostos e têm representação política, mas não “usufruem dos mesmos direitos da sociedade privilegiada pelo Executivo”. Nas palavras dele, é o que “reforça o genocídio e os crimes contra a comunidade gay”, por exemplo.

Com informações portal Correio Braziliense


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