Cid é o primeiro senador a se licenciar em quase uma década, o que gerou especulações (Foto: Divulgação/Agência Senado) |
Sobre
a licença de Cid Gomes no Senado, algumas notas:
1)
Roberto Cláudio tem vários motivos para gostar e um para não gostar de uma
eventual candidatura de Cid a prefeito de Fortaleza. Para gostar: as chances de
fazer o sucessor crescem bastante; o irmão do prefeito, Prisco Bezerra,
ganharia seis anos de mandato no Senado, caso Cid vencesse.
2)
O motivo para não gostar: Roberto Cláudio dividiria o protagonismo na própria
sucessão. Não teria um sucessor com a cara de sua gestão e com a marca dela.
Mas, isso é relativo. Quando Tasso Jereissati (PSDB) escolheu Lúcio Alcântara
para sucedê-lo, optou por ganhar a eleição, não em ter alguém de seu próprio
grupo. A diferença é que Tasso é líder de seu grupo. RC faz parte de um bloco
que tem outro comando.
3)
Pergunta que antecede quem será o candidato governista é de qual bloco será
ele? Será alguém mais Roberto Cláudio ou mais Ferreira Gomes? Ou mais Camilo
Santana?
4)
Cid Gomes não gostaria de ser candidato a prefeito, mas é capaz de concorrer se
for para evitar a derrota. A candidatura é possível, mas ainda não me parece o
cenário mais provável.
5)
O ex-governador não disfarça o empenho em mergulhar nas articulações
eleitorais. De modo mais intenso até do que fez em 2016. Isso mostra o peso
estratégico da próxima eleição para o grupo. O olho não está em 2020, mas em
2022. Não está no Ceará, mas no Brasil. Manter espaços é fundamental. Os
Ferreira Gomes têm muito a perder e pouco a ganhar em 2020. O cenário nacional
mudou e os contextos locais são incertos.
6)
A licença pegará dois meses de recesso. Na maior parte do tempo, Cid poderia
seguir senador e articular do mesmo jeito. Parece-me que o principal motivo do
afastamento é mesmo abrir espaço para Prisco Bezerra no Senado. Como mostrou o
confrade Carlos Mazza em sua coluna, não tem sido algo comum da parte dos
senadores cearenses. Tasso, por exemplo, nunca deu brecha para seu ex-suplente,
Assis Machado, nem para o atual, Chiquinho Feitosa. Eunício Oliveira (MDB) não
deu vez a Waldemir Catanho (PT), nem José Pimentel (PT) a Sergio Novais.
7)
Cid pode até vir a ser candidato, mas não é a licença que indica isso. Ela
demonstra, isso sim, o papel cada vez mais ativo na articulação mais amiúde do
grupo. Ele tem autoridade para estabelecer pactos locais entre aliados que
estejam em vias de confronto. Porém, ao se licenciar agora, ele não poderá
voltar a se afastar durante a campanha, por exemplo. Coisa que ele fez em 2012
e 2014, quando nem era candidato, mas foi pedir votos para aliados. Ao iniciar
2020 licenciado, Cid inviabiliza nova licença na campanha. Isso talvez seja
mais indicativo de que não será candidato do que de que será.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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