8 de dezembro de 2019

A máquina bolsonarista no Twitter

O presidente e seu Carlos Bolsonaro em momento de distração na rede (Foto: Divulgação/redes sociais)
Jair Bolsonaro escolheu uma rede social que limita as mensagens a 280 caracteres para se comunicar com seu eleitorado. Desde o dia 1º de janeiro, fala como chefe do Executivo naquele campo minado. Mobiliza, anuncia, desmente, ataca, critica: às vezes, tudo ao mesmo tempo.

Polemiza para mobilizar e mobiliza pela polêmica. O caso "golden shower" é exemplar. Era Carnaval, e ninguém se importava com reforma da Previdência ou polarização. Eis que o presidente aparece com uma dúvida mundana. Tudo calculado. Suas bases antipatizam com a festa.

Hábil na plataforma, Bolsonaro a usa como extensão do Planalto, como quando desautoriza ministros ou os atira na fogueira. Se não está no Twitter, não é verdade. O presidente gosta do canal direto. Para ele, o usuário é o eleitor e a "timeline", o Brasil.

Já era assim antes da vitória, mas, de janeiro para cá, o capitão reformado converteu o microblog de postagens instantâneas em arena prioritária para a atuação política. É onde despacha. A estratégia é a da mobilização permanente. Entre ele e o país, a distância é de uma tela.

Pelo menos é assim que Bolsonaro gosta de se imaginar, como um mandatário "gente como a gente". Responde perguntas, interage, manda "joinha" aos seguidores e marca seus auxiliares na rede, incentivando a participação virtual dos subordinados. O ministro Sergio Moro é um deles.

Por trás do uso lúdico, quase prosaico, Bolsonaro quer mesmo é encurtar as distâncias. É estratégico. A cartilha vem de longe, do governo de Donald Trump. Foi testada e aprovada por Steve Bannon e chancelada por Olavo de Carvalho, o "bruxo" que passa as tardes no Twitter.

Segundo estudiosos, a frequência de quase sete mensagens por dia na rede social cumpre a função de manter a tropa de prontidão, a postos para qualquer eventualidade, como pressionar o Supremo ou o Congresso em protestos de rua. Com um "tuíte", o presidente causa alvoroço.

Lembram-se das hienas e o leão? Pois é. O vídeo foi um dos mais curtidos do presidente no Twitter. Nele Bolsonaro é o felino acossado por uma matilha de carniceiros que o espreita antes de atacar. A postagem recebeu centenas de milhares de curtidas. Depois foi apagada.

Para entender a relação do Bolsonaro com a ferramenta, O POVO ouviu especialistas no assunto. Perguntamos a cada um sobre as razões do presidente para empregar um tempo precioso nessa rede. As respostas estão nas páginas seguintes. Sigam o fio. Boa leitura.

Com informações portal O Povo Online

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