Logo do Aliança pelo Brasil com mais de 3 mil cartuchos de pistola e400 e de .50. (Foto: Gabriela Echenique) |
A
apresentação do novo partido de Bolsonaro dispensou meios-termos. Trata-se de
uma entidade que postula a morte. Sob o nome de Aliança pelo Brasil, a
proto-legenda dedica-se a combater o comunismo e o globalismo, doutrina-fantasma
que faz as vezes de moinho de vento na cruzada salvacionista do presidente. De
passagem, apresenta um núcleo liberal que se limita a um punhado de preceitos
mal-digeridos.
Na
área social, trata o aborto como traição. Nos costumes, ataca o que chama de
ideologia de gênero, outra extravagância onipresente no folclore governista. Na
segurança, defende a pistolagem individual como política pública. Quem
concordar com tudo isso, estará à vontade para apertar o número 38 - não
casualmente escolhido pelo presidente como identificação da agremiação. O
algarismo, todos sabemos, refere-se à arma mais numerosa no Brasil - também a
que mais mata. Presente em muitos lares, é grande responsável por acidentes
domésticos.
Como
se vê, o Aliança, do símbolo (dois anéis entrelaçados emulando o infinito) à
marca esculpida com cápsulas de grosso calibre, sintetiza a figura de
Bolsonaro. É a tentativa de materializar a onda do "verde-amarelismo"
que começou em 2013, engrossou nos anos seguintes e quebrou forte em 2018.
Nele
estão presentes todos os valores ligados à eleição do ex-capitão do Exército: o
familismo, o armamentismo e a ameaça do inimigo (ONGs, demais partidos, STF,
Congresso, universidades etc.). Não à toa a executiva está povoada de filhos:
Flávio, Eduardo e Jair, o caçula, além de amigos e advogados, como Admar
Gonzaga, que o defende em processo contra o PSL, antigo endereço. Michelle, a
primeira-dama, também está lá.
É
um partido da casa, feito à sua imagem e semelhança, onde o chefe do Executivo
finalmente pode se sentir à vontade, visto que é quase extensão natural do seu
entorno. Saem a divergência e a negociação, entram a fidelidade e os laços
indissolúveis, num casamento (para ficar na metáfora predileta do mandatário do
País) arranjado às pressas, quem sabe a tempo de chegar ao altar das eleições
de 2020.
É uma aliança, sim: do ressentimento com o obscurantismo.
Com
informações portal O Povo Online
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